EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Não há milagre. Só com muita dedicação e conhecimento técnico é possível criar as variedades sonoras que o quarteto vocal norte-americano New York Voices mostra hoje e amanhã em São Paulo. Os shows fazem parte da sexta edição da série Diners Club Jazz Nights, no Bourbon Street.
Diferentemente de bandas como Take Six, formada por negros, o NYV não teve a igreja como fornecedor de gogó-de-obra. Conheceram-se na faculdade, nos anos 80, e aprenderam como usar as vozes nas partituras. O lado branco da força.
Principal autor dos arranjos executados pelo grupo, Darmon Meader -que também é saxofonista- dá dicas dos afluentes que desembocaram no seu estilo jazzístico de combinar vozes: "Sempre ouvi muito Art Blakey, Phill Woods e Sonny Rollins".
A isso se juntou a participação em shows do saxofonista Paquito D'Rivera, do baixista Ray Brown, da cantora Nancy Wilson e da Count Basie Orchestra. "Além de aprender, o legal era ficar no camarim, ouvindo histórias."
Entre um caso e outro, Meader conseguiu solidificar seus arranjos de tal maneira que o grupo passou por duas defecções e uma entrada sem perder a identidade.
Mas então é ele o som da banda? "Não, não. Crio 50%, o resto é discutido. E não basta só ter um bom arranjo, pois, por melhor que ele seja, os cantores têm de entendê-lo e interpretá-lo. Dar vida a ele."
E parece mesmo que todos têm voz. Seria difícil partir da cabeça de Meader, um jazzista renitente e convicto, a idéia de gravar "Sing the Songs of Paul Simon", CD de 97 "todo liderado por Peter".
"Nós somos uma democracia caótica", resume ele, que reassumiu as rédeas estilísticas no álbum seguinte, "Sing, Sing, Sing", um tratado de amor ao jazz vocal lançado em 2000 e, por enquanto, o mais recente trabalho do grupo.