São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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Garotos perdidos

Banda britânica The Coral faz passeio pelo desconhecido em discos que misturam vários gêneros musicais

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Noel Gallagher, guitarrista do Oasis e que não é de muitos elogios, viu um show do Coral e classificou a banda como "brilhante". Mais próximo: em janeiro de 2004, os leitores do Folhateen, em votação, elegeram "Magic and Medicine", segundo álbum do septeto britânico, como o melhor de 2003, na frente de gente graúda do pop, como Britney Spears, Linkin Park, Madonna e Radiohead.
Tanto da parte de Noel Gallagher como da dos leitores do Folhateen, são coisas inusitadas; porque este The Coral não se encaixa em nenhum rótulo (pelo menos não nos rótulos conhecidos...) nem segue padrões existentes nas bandas de certo sucesso no rock. Não é fácil entender o fascínio que esse grupo exerce tanto em adolescentes brasileiros como em trintões britânicos.
O Coral são sete garotos entre 21 e 24 anos que se conheceram numa escola de Hoylake -cidadezinha próxima a Liverpool- e adoram Echo & the Bunnymen, Beach Boys, The Kinks, futebol, Bob Marley, Ernest Hemingway, Pink Floyd, Salvador Dali... E adoram também lançar discos.
O primeiro, homônimo, veio em 2002; o incensado "Magic and Medicine", no ano seguinte; "Nightfreak and the Sons of Becker", gravado em apenas uma semana, chegou há pouco mais de um ano. Todos imprevisíveis, todos indispensáveis. Agora eles aparecem com "The Invisible Invasion", cujo primeiro single, "In the Morning", alcançou o top ten da parada britânica.
A banda é liderada pelo vocalista James Skelly, e nos discos encontra-se desde o psicodelismo dos anos 60 até o rock experimental dos 80, passando por funk, reggae... Muitas das canções lembram Doors -mas sem a chatice e a pretensão deste.
O grupo chamou tanto a atenção no lançamento de seu primeiro álbum que uma gravadora, a Deltasonic, foi formada apenas para lançá-lo. E abriu caminho para bandas como The Zutons e The Basement, que exploram caminhos semelhantes.

O disco
"The Invisible Invasion", que a Sony BMG coloca nas lojas do Brasil a partir do próximo dia 15, é, talvez, o álbum mais pop do Coral. Traz melodias cativantes, alegres, mas não fáceis, como em "In the Morning".
Um disco do Coral é um passeio pelo desconhecido. Uma hora a psicodelia domina, na outra, dá espaço para um rock básico. "Arabian Sand" lembra Stooges, na crueza, e Kinks, na melodia forjada por riffs de guitarra; é a canção inspirada em pinturas de Salvador Dali, segundo declarações de James Skelly.
A banda agora traz baladas melancólicas como "Late Afternoon", e encaixa versos como "É tarde/ você entra na sala/ a música morre/ nos deixa para trás" -definitivamente não é mais coisa de adolescentes.
Sem medo de experimentar, há até um quase-country, "So Long Ago", e "Leaving Today", canção que soa como Eagles, mas, sim, funciona. A psicodelia, nos teclados e na letra nonsense, volta em "She Sings the Mourning".
"Cripples Crown" tem clima sombrio, enquanto "Something Inside of Me" é capaz de reanimar qualquer festa, a qualquer hora.
Dificilmente "The Invisible Invasion" fará desta banda um meganome capaz de lotar estádios. Mas é um álbum -mais um- que apresenta o Coral como um dos grupos mais instigantes e estimulantes do pop mundial.


The Invisible Invasion
    
Artista: The Coral
Lançamento: Sony BMG
Quanto: R$ 30, em média (a partir do próximo dia 15)


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