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Garotos perdidos
Banda britânica The Coral faz passeio pelo desconhecido em discos que misturam vários gêneros musicais
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Noel Gallagher, guitarrista do
Oasis e que não é de muitos elogios, viu um show do Coral e classificou a banda como "brilhante".
Mais próximo: em janeiro de
2004, os leitores do Folhateen, em
votação, elegeram "Magic and
Medicine", segundo álbum do
septeto britânico, como o melhor
de 2003, na frente de gente graúda
do pop, como Britney Spears, Linkin Park, Madonna e Radiohead.
Tanto da parte de Noel Gallagher como da dos leitores do Folhateen, são coisas inusitadas;
porque este The Coral não se encaixa em nenhum rótulo (pelo
menos não nos rótulos conhecidos...) nem segue padrões existentes nas bandas de certo sucesso
no rock. Não é fácil entender o
fascínio que esse grupo exerce
tanto em adolescentes brasileiros
como em trintões britânicos.
O Coral são sete garotos entre 21
e 24 anos que se conheceram numa escola de Hoylake -cidadezinha próxima a Liverpool- e adoram Echo & the Bunnymen,
Beach Boys, The Kinks, futebol,
Bob Marley, Ernest Hemingway,
Pink Floyd, Salvador Dali... E adoram também lançar discos.
O primeiro, homônimo, veio
em 2002; o incensado "Magic and
Medicine", no ano seguinte;
"Nightfreak and the Sons of Becker", gravado em apenas uma semana, chegou há pouco mais de
um ano. Todos imprevisíveis, todos indispensáveis. Agora eles
aparecem com "The Invisible Invasion", cujo primeiro single, "In
the Morning", alcançou o top ten
da parada britânica.
A banda é liderada pelo vocalista James Skelly, e nos discos encontra-se desde o psicodelismo dos
anos 60 até o rock experimental
dos 80, passando por funk, reggae... Muitas das canções lembram Doors -mas sem a chatice
e a pretensão deste.
O grupo chamou tanto a atenção no lançamento de seu primeiro álbum que uma gravadora, a
Deltasonic, foi formada apenas
para lançá-lo. E abriu caminho
para bandas como The Zutons e
The Basement, que exploram caminhos semelhantes.
O disco
"The Invisible Invasion", que a
Sony BMG coloca nas lojas do
Brasil a partir do próximo dia 15,
é, talvez, o álbum mais pop do Coral. Traz melodias cativantes, alegres, mas não fáceis, como em "In
the Morning".
Um disco do Coral é um passeio
pelo desconhecido. Uma hora a
psicodelia domina, na outra, dá
espaço para um rock básico.
"Arabian Sand" lembra Stooges,
na crueza, e Kinks, na melodia
forjada por riffs de guitarra; é a
canção inspirada em pinturas de
Salvador Dali, segundo declarações de James Skelly.
A banda agora traz baladas melancólicas como "Late Afternoon", e encaixa versos como "É
tarde/ você entra na sala/ a música
morre/ nos deixa para trás" -definitivamente não é mais coisa de
adolescentes.
Sem medo de experimentar, há
até um quase-country, "So Long
Ago", e "Leaving Today", canção
que soa como Eagles, mas, sim,
funciona. A psicodelia, nos teclados e na letra nonsense, volta em
"She Sings the Mourning".
"Cripples Crown" tem clima
sombrio, enquanto "Something
Inside of Me" é capaz de reanimar
qualquer festa, a qualquer hora.
Dificilmente "The Invisible Invasion" fará desta banda um meganome capaz de lotar estádios.
Mas é um álbum -mais um-
que apresenta o Coral como um
dos grupos mais instigantes e estimulantes do pop mundial.
The Invisible Invasion
Artista: The Coral
Lançamento: Sony BMG
Quanto: R$ 30, em média (a partir do próximo dia 15)
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