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The Coral procura "música natural"
ALEXIA LOUNDRAS
DO "INDEPENDENT"
James Skelly, o líder do The Coral, demonstra muita disposição.
Sabe o que quer e vai fazer o que
for preciso para consegui-lo.
Vestindo jeans anônimos e macacões, os sete integrantes da banda, entre os quais o irmão mais
novo de Skelly, Ian, na bateria, se
assemelham mais a uma turma de
ginasianos animados do que a
uma banda de rock. Relaxados e
brincalhões, são tão absurdamente normais que parecem quase incongruentes em meio aos retratos
pop exagerados que enfeitam a
recepção do estúdio TRL. Não
usam delineador nos olhos, não
usam gravatas fininhas, não usam
jeans de corte estranho; sequer
parecem se incomodar com seus
cortes de cabelo. Em um momento em que quase todas as outras
bandas entre as 40 mais das paradas de sucesso se assemelham a
uma volta nostálgica aos excessos
dos anos 80, sob influência da
música electro, o The Coral oferece uma inspiração muito peculiar.
Em lugar de acessórios datados,
a marca registrada do The Coral é
o fato de que trata de um grupo
quase impenetrável de amigos
próximos, unidos por uma mentalidade de um por todos, todos
por um. Parecem não esperar validação dos fãs nem dos críticos.
Do momento em que estouraram no cenário musical com o EP
"Shadow Falls", em julho de 2001,
os rapazes do The Coral foram
um farol de talento e inventividade em um mar de rock derivativo.
Os colegas de escola emergiram
da sonolenta Hoylake, um lugarzinho costeiro esquecido, produzindo música poderosa que mistura rock cossaco, Captain Beefheart, Echo & the Bunnymen,
The Doors e cabines marítimas
psicodélicas. Suas canções singulares são ricas em termos de imaginação e repletas de novas idéias.
Ao ouvir um ensaio do The Coral, Alan Wills, ex-baterista do
Shack, se entusiasmou tanto que
decidiu fundar uma gravadora,
Deltasonic, a fim de lançar os trabalhos da banda. Não demorou
muito para que a Sony os procurasse, convidando a Deltasonic e a
banda de Skelly a se integrarem à
corporação. O disco de estréia do
The Coral, que levava o nome da
banda, o colocou na lista de candidatos ao Mercury Prize e lhe valeu duas indicações para o Brit
Awards. Depois de conquistar os
críticos, o segundo disco do grupo, "Magic & Medicine", de 2003,
seduziu os corações da audiência,
chegando ao topo da parada de álbuns quando foi lançado.
The Coral não vê problemas em
fazer sucesso comercial, mas reconhece que isso não acontecerá a
não ser que eles se disponham a
trabalhar com afinco. "Eu ficaria
muito mal se ninguém comprasse
os nossos discos", diz James.
"Quero que as pessoas sejam inspiradas por eles, mas não estou
preparado para fazer o trabalho
necessário para que uma banda
cresça a esse ponto", afirma. "Se
as turnês dos nossos discos tivessem sido mais compridas, eu teria
enlouquecido. Você começa a
perder a razão, usar drogas, beber, brigar com os outros, porque
está de saco cheio de se ver forçado a tocar as mesmas canções."
The Coral tem aversão a tudo
que é "chato". "Somos como sempre fomos. Antes, não íamos às
festas. Agora não é hora de começar", diz Skelly. "Preferimos ficar
em casa e fazer música."
Se incluirmos "Nightfreak &
the Sons of Becker", de 2004, e
"The Invisible Invasion", a produção do The Coral é de quatro
discos. Em "The Invisible Invasion", o cadinho de gêneros musicais foi atenuado e destilado na
forma de um grande confeito sonoro. Há sinais do som de rock retrô característico da banda mas
surge também uma sutileza e maturidade delicada. "Não sentimos
mais que é necessário colocar tudo que sabemos em cada faixa.
Quando gravamos o primeiro
disco, éramos jovens. Era natural
que tivéssemos muita energia a
expor. Agora queremos que nossa
música seja natural", diz James.
O disco novo é mais refinado e
mais acessível trabalho do The
Coral, mas a banda insiste que
suas ambições não estão perto de
serem esgotadas. "Estamos aperfeiçoando nosso estilo, mas há
ainda há muito por vir. Os Beach
Boys não produziram "Pet
Sounds" antes de seu quinto disco.
E é isso que queremos, o nosso
"Pet Sounds'", diz James.
Tradução Paulo Migliacci
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