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Ismael Ivo comanda Bienal do Corpo
Coreógrafo brasileiro é o curador e apresenta espetáculo no evento realizado em Veneza, com o título "Under Skin"
Festival que "investiga" o
corpo inclui obra, inspirada
em filme de Jean Cocteau,
em que dançarinos tentam
encontrar identidade física
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
A Bienal do Corpo, em Veneza, coloca o foco no "corpo como documento do ataque do
tempo". Com o título "Under
Skin", a Bienal vai até 25 de junho. "É um festival de investigação, de pesquisa sobre o corpo", conta o curador brasileiro
Ismael Ivo, 51. "Questionamos
o que é o corpo global, nessa era
veloz. Para descobrir isso, temos de analisar não somente as
evidencias externas, mas internas, debaixo da pele".
Paulista da Vila Prudente,
Ivo, que mora em Berlim, é diretor do Festival de Viena. Suas
últimas criações, "Erendira"
(2005) e "Illuminata" (que estreou dia 8), foram feitas em
São Paulo. "Aqui encontro um
celeiro de inspirações."
Em "Illuminata", o tema central é a morte. "Um artista sobe
ao palco e se esforça para deixar
traços da sua existência". Inspirado no filme do Jean Cocteau
(1889-1963), onde a "passagem
se dava através do espelho", no
espetáculo o carpete de dança é
espelhado. Os dançarinos "tentam entrar no chão, encontrar
uma outra identidade física.
Então, inicia-se uma chuva de
areia negra, que banha os corpos e transforma o palco num
jardim zen. O jardim negro da
morte, onde, com o movimento, cada um escreve a sua própria biografia, encontrando
frestas no espelho".
Ivo comenta algumas criações para a Bienal, como a do
inglês Wayne McGregor, que
resolveu acompanhar operações de coração como pesquisa
e levou os bailarinos para escanear o corpo; ou da italiana
Adriana Borriello, que faz uma
pesquisa do corpo possesso,
nas manifestações religiosas.
Da China, Jin Xing traz um outro conceito de feminino, na
linguagem do corpo asiático.
Além das apresentações, o
simpósio "Under Skin" propõe
"um diálogo entre médicos, líderes espirituais e coreógrafos,
sobre o corpo possesso; quer dizer, o corpo possuído pela velocidade, ambição, possibilidade
de transformação. Vamos observar o corpo enquanto ente
vivo, o corpo social".
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