São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Ismael Ivo comanda Bienal do Corpo

Coreógrafo brasileiro é o curador e apresenta espetáculo no evento realizado em Veneza, com o título "Under Skin"

Festival que "investiga" o corpo inclui obra, inspirada em filme de Jean Cocteau, em que dançarinos tentam encontrar identidade física


INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

A Bienal do Corpo, em Veneza, coloca o foco no "corpo como documento do ataque do tempo". Com o título "Under Skin", a Bienal vai até 25 de junho. "É um festival de investigação, de pesquisa sobre o corpo", conta o curador brasileiro Ismael Ivo, 51. "Questionamos o que é o corpo global, nessa era veloz. Para descobrir isso, temos de analisar não somente as evidencias externas, mas internas, debaixo da pele".
Paulista da Vila Prudente, Ivo, que mora em Berlim, é diretor do Festival de Viena. Suas últimas criações, "Erendira" (2005) e "Illuminata" (que estreou dia 8), foram feitas em São Paulo. "Aqui encontro um celeiro de inspirações."
Em "Illuminata", o tema central é a morte. "Um artista sobe ao palco e se esforça para deixar traços da sua existência". Inspirado no filme do Jean Cocteau (1889-1963), onde a "passagem se dava através do espelho", no espetáculo o carpete de dança é espelhado. Os dançarinos "tentam entrar no chão, encontrar uma outra identidade física. Então, inicia-se uma chuva de areia negra, que banha os corpos e transforma o palco num jardim zen. O jardim negro da morte, onde, com o movimento, cada um escreve a sua própria biografia, encontrando frestas no espelho".
Ivo comenta algumas criações para a Bienal, como a do inglês Wayne McGregor, que resolveu acompanhar operações de coração como pesquisa e levou os bailarinos para escanear o corpo; ou da italiana Adriana Borriello, que faz uma pesquisa do corpo possesso, nas manifestações religiosas. Da China, Jin Xing traz um outro conceito de feminino, na linguagem do corpo asiático.
Além das apresentações, o simpósio "Under Skin" propõe "um diálogo entre médicos, líderes espirituais e coreógrafos, sobre o corpo possesso; quer dizer, o corpo possuído pela velocidade, ambição, possibilidade de transformação. Vamos observar o corpo enquanto ente vivo, o corpo social".


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