CD e DVDs gravados ao vivo na casa carioca Cinemathèque têm como convidados Marcelo Camelo, Fino Coletivo e +2

Repertório de "Conecta" traz, além de parcerias, sucessos da bossa nova, fase soul dos anos 70 e álbum instrumental

JONAS LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aos 65 anos, Marcos Valle vai tentar, mais uma vez, tornar a sua música tão popular no Brasil quanto é no exterior -no Japão e na Europa, seus discos são sampleados por DJs e tocados nas pistas de dança e nas rádios. A nova tentativa atende pelo nome "Conecta", CD e DVD gravados ao vivo em quatro noites de agosto de 2007 na casa carioca Cinemathèque.
"Lá fora o público me descobriu naturalmente, por causa dos DJs. Só fiquei sabendo mais tarde", diz ele, que tem visto seu público brasileiro aumentar, mas ainda longe do ritmo internacional. "No Brasil depende de várias coisas, como tocar no rádio, e preciso concorrer com outros gêneros."
A grande arma de "Conecta" para alcançar os ouvintes mais jovens é a participação de artistas da nova geração da MPB, que comparecem também com suas próprias músicas: Marcelo Camelo (Los Hermanos), o grupo Fino Coletivo e o trio +2, composto por Moreno Veloso, Kassin e Domenico Lancelotti.
"A minha música tem bastante apelo entre os jovens na Europa, então chamei os convidados para me ajudar a renovar e rejuvenescer os arranjos", diz. "O pessoal do Cinemathèque sugeriu o Marcelo Camelo, que eu não conhecia pessoalmente. Entrei em contato, e ele se empolgou, declarou ser meu fã."
Além das parcerias, o repertório de "Conecta" abrange várias facetas da carreira do compositor carioca, desde o sucesso dos tempos da bossa nova "Samba de Verão", passando pela fase soul dos anos 70 ("Garra", "Wanda Vital") até chegar a "Jet Samba", álbum instrumental de 2005.
Apesar dos quase 50 anos de carreira, "Conecta" é o primeiro disco ao vivo de Valle. "Eu achava que poderia perder os detalhes dos arranjos", explica.
Os shows no Cinemathèque não seriam lançados imediatamente. "O Roberto de Oliveira [cineasta que dirigiu séries de DVDs sobre Tom Jobim e Chico Buarque] está organizando uma caixa sobre mim, então registrei os quatro shows."
Quando escutou o material, no entanto, Valle preferiu não esperar a caixa. "Tinha uma energia muito legal ali, eu vi que tinha que lançar o quanto antes", diz ele, que está na Europa fazendo shows relativos aos 50 anos da bossa nova.