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Morre trombonista que compôs choro "Na Glória"
Raul de Barros teve insuficiência renal e enfisema pulmonar; enterro foi ontem
Obra do músico era comum
no repertório de salões de
dança tradicionais e
também influencia grupos
jovens da Lapa carioca
DA SUCURSAL DO RIO
Faz 60 anos que Raul de Barros lançou o choro "Na Glória",
presença obrigatória no repertório dos músicos que animam
salões de dança, desde as antigas orquestras de gafieira até os
grupos de jovens que tocam hoje na Lapa carioca.
Morto anteontem, aos 93
anos, o trombonista teve a satisfação de embalar inúmeros
passos e amores, mas não conseguiu o reconhecimento artístico que desejava.
Nascido no Rio, ele iniciou a
carreira nos clubes de subúrbios, na década de 1930. Passou
para os dancings do centro da
cidade e, a partir dos anos 40,
para as rádios: Tupi, Globo e
Nacional. Também tocou nas
orquestras da RCA Victor, regida por Pixinguinha, e do Copacabana Palace.
Passou a gravar discos com
seu nome em 1948 e criou uma
orquestra própria, com a qual
desenvolveu o estilo que chamava de hot samba, um outro
nome para o apimentado samba de gafieira, com espaço para
seus solos marcantes.
Acabou influenciando vários
outros trombonistas, entre eles
Raul de Souza, nascido João
José e que mudou de nome, seguindo sugestão de Ary Barroso, numa referência a Raul de
Barros.
Últimos trabalhos
Sua importância para a música brasileira decresceu juntamente com as gafieiras e as orquestras de baile, que foram sucumbindo diante da música
pop. O último disco de Raul é de
1983, "O Trombone de Ouro".
Depois vieram os problemas
de saúde, os financeiros e os
convites cada vez mais raros
para se apresentar. Lembrado
sempre por "Na Glória" e respeitado pelos colegas, era às vezes chamado por outros músicos, como fez Rildo Hora em
2004, em temporada numa casa de shows da Lapa.
Vivendo desde os anos 80 em
Maricá, no litoral do Estado do
Rio, Raul morreu na tarde de
segunda num hospital de Itaboraí (RJ), com insuficiência
renal e enfisema pulmonar. Foi
enterrado ontem. Deixa cinco
filhos e uma companheira.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)
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