São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Morre trombonista que compôs choro "Na Glória"

Raul de Barros teve insuficiência renal e enfisema pulmonar; enterro foi ontem

Obra do músico era comum no repertório de salões de dança tradicionais e também influencia grupos jovens da Lapa carioca


DA SUCURSAL DO RIO

Faz 60 anos que Raul de Barros lançou o choro "Na Glória", presença obrigatória no repertório dos músicos que animam salões de dança, desde as antigas orquestras de gafieira até os grupos de jovens que tocam hoje na Lapa carioca.
Morto anteontem, aos 93 anos, o trombonista teve a satisfação de embalar inúmeros passos e amores, mas não conseguiu o reconhecimento artístico que desejava.
Nascido no Rio, ele iniciou a carreira nos clubes de subúrbios, na década de 1930. Passou para os dancings do centro da cidade e, a partir dos anos 40, para as rádios: Tupi, Globo e Nacional. Também tocou nas orquestras da RCA Victor, regida por Pixinguinha, e do Copacabana Palace.
Passou a gravar discos com seu nome em 1948 e criou uma orquestra própria, com a qual desenvolveu o estilo que chamava de hot samba, um outro nome para o apimentado samba de gafieira, com espaço para seus solos marcantes.
Acabou influenciando vários outros trombonistas, entre eles Raul de Souza, nascido João José e que mudou de nome, seguindo sugestão de Ary Barroso, numa referência a Raul de Barros.

Últimos trabalhos
Sua importância para a música brasileira decresceu juntamente com as gafieiras e as orquestras de baile, que foram sucumbindo diante da música pop. O último disco de Raul é de 1983, "O Trombone de Ouro".
Depois vieram os problemas de saúde, os financeiros e os convites cada vez mais raros para se apresentar. Lembrado sempre por "Na Glória" e respeitado pelos colegas, era às vezes chamado por outros músicos, como fez Rildo Hora em 2004, em temporada numa casa de shows da Lapa.
Vivendo desde os anos 80 em Maricá, no litoral do Estado do Rio, Raul morreu na tarde de segunda num hospital de Itaboraí (RJ), com insuficiência renal e enfisema pulmonar. Foi enterrado ontem. Deixa cinco filhos e uma companheira.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)


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