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MinC agrega sugestões a projeto de Lei Rouanet
Versão terá critérios expressos para que o ministério aprove ou rejeite propostas
Juca Ferreira, titular da Cultura, nega dirigismo cultural; promoção explícita de marca será vetada
na nova legislação
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
Três meses após colocar em
discussão pública o anteprojeto
de reforma da Lei Rouanet, o
MinC (Ministério da Cultura)
aceitou sugestões e mudou o
texto original da proposta colocada em debate público em
março passado.
Ao contrário da primeira versão, o novo anteprojeto trará
critérios expressos para que o
MinC aprove ou rejeite projetos culturais a serem incentivados por renúncia fiscal.
Pela versão original, estes
critérios não passariam pelo
Congresso. Seriam definidos
por decreto ou dentro do próprio MinC, posteriormente à
aprovação da lei.
A Lei Rouanet prevê incentivos fiscais para que empresas e
pessoas financiem projetos culturais aprovados pelo MinC.
Ela foi aprovada em 23 de dezembro de 1991.
Entre outras medidas, permite que o investidor deduza
do Imposto de Renda até 100%
do valor que investe em cultura. Em outras palavras, o Estado renuncia à cobrança de impostos para que o contribuinte
invista em projetos culturais.
Dirigismo
A primeira versão da proposta do MinC vinha sendo muito
criticada pelos setores que querem manter a lei como está.
Segundo eles, a proposta original abriria espaço para o dirigismo cultural e para o poder
discricionário do Estado.
"Dirigismo cultural não cabe
na minha biografia", disse o ministro da Cultura, Juca Ferreira, em evento realizado na noite de terça para discutir a Lei
Rouanet em São Paulo.
Segundo Ferreira, a discussão do projeto permitiu a ele
entender a necessidade de explicitar os critérios na própria
lei. Ele não especificou que critérios serão estes. A Folha apurou cinco:
1 - Capacitação técnica: esse
item visa impedir a captação de
recursos, via Lei Rouanet, por
pessoas sem capacidade comprovada de realizar projetos.
2 - Preços acessíveis: o objetivo é impedir o patrocínio, via
renúncia fiscal, de projetos
que, depois de realizados, cobram preços altos para a população de baixa renda.
3 - Desconcentração: por esse critério, o MinC poderia
aprovar ou vetar um projeto
com o objetivo de assegurar o
equilíbrio da produção cultural
entre todas as regiões do país.
Hoje, o MinC acredita que o Sul
e o Sudeste são privilegiados.
4 - Permanência: o MinC poderia privilegiar grupos de teatro ou espetáculos itinerantes
em detrimento de projetos de
curta duração.
5 - Promoção de marca: por
esse critério, projetos poderão
ser rejeitados por promoverem
explicitamente a marca de seus
patrocinadores.
Governo
Nas últimas semanas, o
MinC tem tentado convencer o
governo a elevar, via suplementação orçamentária, os recursos do ministério e de seu Fundo Nacional de Cultura.
É com esse dinheiro que o
ministro espera compensar, caso a lei seja aprovada, eventuais
reduções do patrocínio cultural
via renúncia fiscal. Na visão
ideal do ministro, o fundo, e
não a renúncia fiscal, deverá ser
o instrumento principal para as
políticas públicas de sua área.
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