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Brasileiro resgata punk e reggae londrino
Filme retrata em Londres o filho de jamaicanos Don Letts, figura-chave e pouco conhecida do movimento de 1977
Longa faz viagem musical e pessoal entre passado e presente de parte da música pop
dos últimos 40 anos
IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO
Lenda viva do reggae e do
punk -e, principalmente, da
junção desses dois gêneros-
, o músico inglês Don Letts
acaba de ganhar um documentário realizado por um
brasileiro. Trata-se de "Superstonic Sound: the Rebel
Dread", que estreia na semana que vem no gigantesco
festival de cinema e música
NxNe, em Toronto.
Pode-se dizer que Don
Letts era o cara que estava no
lugar certo na hora certa.
Quando Malcolm McLaren e
Vivianne Westwood criaram
a butique Sex, que vestiria os
punks da capital inglesa, ele
estava lá, na loja vizinha chamada Acme Actractions, onde vendia ternos azul turquesa, fumava maconha e tocava reggae o dia inteiro em
suas jukeboxes.
Quando o dono do primeiro clube noturno punk, o
Roxy, precisou de um DJ para
suas noites, o filho de jamaicanos estava lá -apresentando o ska, o reggae e o dub
com fortes acentos do baixo
para toda a geração do DIY
(do it yourself, ou faça você
mesmo). E aproveitou para
filmar toda a nascente cena
de 1977, realizando o documentário "The Punk Rock
Movie".
E quando o The Clash lançou o álbum "Black Market
Clash" (1980), estampou na
capa uma foto de Letts enfrentando uma fila de policiais numa revolta popular
em Notting Hill em 1976.
Letts seguiria na carreira
cinematográfica, dirigindo
cerca de 300 clipes, e musical, participando do Big Audio Dinamite, banda que
Mick Jones montou após sair
do Clash -e que esteve no
Brasil em meados dos 80.
EM LONDRES
Raphael Erichsen, ele próprio amante do punk e do
dub, estava em Londres no
ano passado quando deu de
cara com um cartaz anunciando a discotecagem de
Letts em um clube.
"Escrevi uma sinopse de
um curta relacionando duas
fotos -uma dele com o Bob
Marley e outra dele com o
Johnny Rotten- e de como
esse cara de certa forma tinha mudado os rumos da
história da música. Para minha surpresa, ele respondeu
que curtiu e que queria fazer", conta Erichsen.
"Passei a acompanhar o
cara pra cima e pra baixo, em
lugares chaves da sua própria história como Brixton,
onde ele cresceu, e Notting
Hill. Enfim, passando tempo
trocando ideia sobre música
com um dos caras que mais
entende do assunto."
No mês que vem, o filme
será exibido em festivais da
Espanha, Austrália e Alemanha. Nova York e Londres virão a seguir. Não há definição em relação ao Brasil.
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