São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Brasileiro resgata punk e reggae londrino

Filme retrata em Londres o filho de jamaicanos Don Letts, figura-chave e pouco conhecida do movimento de 1977

Longa faz viagem musical e pessoal entre passado e presente de parte da música pop dos últimos 40 anos

IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO

Lenda viva do reggae e do punk -e, principalmente, da junção desses dois gêneros- , o músico inglês Don Letts acaba de ganhar um documentário realizado por um brasileiro. Trata-se de "Superstonic Sound: the Rebel Dread", que estreia na semana que vem no gigantesco festival de cinema e música NxNe, em Toronto.
Pode-se dizer que Don Letts era o cara que estava no lugar certo na hora certa. Quando Malcolm McLaren e Vivianne Westwood criaram a butique Sex, que vestiria os punks da capital inglesa, ele estava lá, na loja vizinha chamada Acme Actractions, onde vendia ternos azul turquesa, fumava maconha e tocava reggae o dia inteiro em suas jukeboxes.
Quando o dono do primeiro clube noturno punk, o Roxy, precisou de um DJ para suas noites, o filho de jamaicanos estava lá -apresentando o ska, o reggae e o dub com fortes acentos do baixo para toda a geração do DIY (do it yourself, ou faça você mesmo). E aproveitou para filmar toda a nascente cena de 1977, realizando o documentário "The Punk Rock Movie".
E quando o The Clash lançou o álbum "Black Market Clash" (1980), estampou na capa uma foto de Letts enfrentando uma fila de policiais numa revolta popular em Notting Hill em 1976.
Letts seguiria na carreira cinematográfica, dirigindo cerca de 300 clipes, e musical, participando do Big Audio Dinamite, banda que Mick Jones montou após sair do Clash -e que esteve no Brasil em meados dos 80.

EM LONDRES
Raphael Erichsen, ele próprio amante do punk e do dub, estava em Londres no ano passado quando deu de cara com um cartaz anunciando a discotecagem de Letts em um clube.
"Escrevi uma sinopse de um curta relacionando duas fotos -uma dele com o Bob Marley e outra dele com o Johnny Rotten- e de como esse cara de certa forma tinha mudado os rumos da história da música. Para minha surpresa, ele respondeu que curtiu e que queria fazer", conta Erichsen.
"Passei a acompanhar o cara pra cima e pra baixo, em lugares chaves da sua própria história como Brixton, onde ele cresceu, e Notting Hill. Enfim, passando tempo trocando ideia sobre música com um dos caras que mais entende do assunto."
No mês que vem, o filme será exibido em festivais da Espanha, Austrália e Alemanha. Nova York e Londres virão a seguir. Não há definição em relação ao Brasil.


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