São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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ARTES CÊNICAS
Antigo local de peças importantes, teatro passou por profunda reforma e será reinaugurado no dia 17
Após abandono, Augusta entra em nova era

da Reportagem Local

Após um período de total abandono e dois anos de reforma, o teatro Augusta já tem data certa para nascer de novo. No dia 17 deste mês, o espaço será oficialmente reinaugurado, com a estréia da peça "Medéia É um Bom Rapaz", do espanhol Luiz Riaza.
O evento marca a volta à cidade de um palco histórico, onde já se apresentaram Nathalia Timberg, Lilian Lemmertz e Armando Bogus, entre outros.
Apesar de sua importância, o teatro -construído em 73 e batizado de Auditório Augusta- enfrentou sérios problemas econômicos e fechou em 95.
Mas, dois anos depois, Joaquim Goulartt, ator e diretor mineiro de 45 anos, resolveu mudar essa situação: viu a placa "aluga-se" na porta e arrendou sozinho o local. E decidiu que o teatro teria direito a uma nova fase.

Reconstrução
Foi o início de uma profunda reforma, em que foram gastos cerca de R$ 2 milhões. Com projeto arquitetônico de Ciro Pirondi e Cleri Laurindo, e patrocínio de empresas como Racional, Pem Engenharia e Cultura Inglesa, o espaço teve de ser praticamente reconstruído.
"Tivemos de trocar do teto às paredes. Isso aqui estava num estado lamentável, terrível", conta Goulartt. Sem poder bancar sozinho a empreitada, o ator bateu de porta em porta em busca de ajuda. "Fui parar até no hospital por causa do estresse e, nestes dois anos, dediquei minha vida a esse lugar."
Tanto esforço valeu a pena: o Augusta ganhou novo palco, ar-condicionado, um espelho d'água abaixo da escada que antecede a sala de espetáculos e um hall de entrada com restaurante, livraria e tabacaria. Tudo branco, clean e moderno, bem diferente das paredes negras do antigo auditório.
"Falo sem modéstia que esse será um dos mais charmosos teatros da cidade. É extremamente aconchegante e fica muito perto da avenida Paulista", afirma Goulartt.
Segundo ele, a intenção é promover oficinas e cursos para atores durante toda a semana, ao contrário de muitas casas que só abrem suas portas sextas, sábados e domingos. Há ainda, no subsolo, uma sala de ensaios, que futuramente poderá ser alugada por grupos ou usada para peças mais intimistas e exposições de arte.
Mas nem tudo são flores. Goulartt conta que planejou abrir o Augusta com diversas atrações, que incluiriam até a cantora Cesária Évora, de Cabo Verde. Porém nenhum empresário se dispôs a ajudar. Resultado: o teatro será inaugurado com uma peça produzida pelo ator, "Medéia É um Bom Rapaz" (leia texto nesta página).
Falta ainda o maquinário do palco, que custa cerca de R$ 150 mil. Para financiar as 305 poltronas, Goulartt lançou uma campanha em que muitos artistas "adotaram" as cadeiras, que terão o nome de quem as custeou, como Laura Cardoso, Bete Coelho, Ney Latorraca, Marco Ricca etc.
"Consegui patrocínio para 87 poltronas, porém ainda falta o restante... mas tudo vai dar certo."
O teatro Augusta tem cerca de 800 metros quadrados e um palco de 10,3 de comprimento por 9,5 de profundidade, tudo protegido por isolamento térmico e acústico. Há ainda 600 vagas para carros em estacionamentos conveniados nas proximidades.
"Quero que aqui vire um espaço para trabalhos experimentais, que acolha o artista e não seja apenas um local de apresentações. E que deixe de ser um teatro que só abre nos finais de semana e se torne uma espécie de centro cultural."
Para fazer com que as atrações sejam acessíveis a todos, Goulartt pretende que o ingresso cobrado no Augusta não ultrapasse R$ 20.
(ERIKA SALLUM)



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