São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Fenômeno na net, jovem inglesa lança primeiro CD

A cantora Lily Allen, que começou com só quatro canções no site MySpace, já é incensada pela imprensa inglesa

Em entrevista à Folha, a jovem fala de seu sucesso instantâneo e de como cria suas músicas, que misturam ska, rock, rap e eletrônica


Divulgação
Lily não fez mais que dez shows, mas já até perdeu o namorado por causa da fama


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Lily Allen tem 21 anos, fez apenas uma dezena de shows e seu primeiro disco ainda não chegou às lojas. Em vez de servir como freio, essa jovialidade e aparente inexperiência funcionam como combustível na transformação quase instantânea de desconhecida a uma das cantoras mais faladas do pop.
Para o jornal inglês "The Observer", ela é "Lily the Kid". Se a música é movida a fenômenos, Lily Allen é sua mais legítima e honesta nova cria. Porque ela está sendo bancada pelos próprios fãs, que se multiplicam -vão dos leitores da revista de eletrônica "Mixmag" aos do jornal "Village Voice", que já gastaram linhas com a moça, elogiando suas canções, que emanam (bastante) ska, rock anos 60, (um pouco de) rap e eletrônica.
Como bom fenômeno pop, a curta carreira de Lily Allen foi empurrada pela internet. Há poucos meses, ela fez uma página no MySpace e colocou quatro canções -além de "Smile", as não menos contagiosas "LDN", "Knock "Em Out" e "Littlest Things". Em pouco tempo, as músicas tinham sido tocadas mais de 1 milhão de vezes e, sábado passado, ela contava com 42.495 amigos. "Só conheço mesmo uns cem. Mas esse é o ponto do MySpace: encontrar pessoas novas", ela contou à Folha, por telefone.
Fora do mundo virtual, a coisa começou a pegar para valer na segunda passada, quando o single "Smile" foi lançado no Reino Unido. Na próxima semana, vem o álbum, "Alright, Still" -será lançado no Brasil pela EMI em agosto. A previsão é que tanto o single quanto o disco tenham vendas que os façam alcançar o topo da parada.
Sobre a atenção que vem recebendo, ela é cautelosa, até porque sua vida já mudou: "É legal, mas me afetou, é estranho. Eu me separei do meu namorado pois ele não ficou contente com tudo isso. Ainda não sei se gosto ou não. Mas é algo que eu quero fazer, ganhar um pouco de dinheiro, então tenho que lidar com essas coisas".
Um dos fatores que fazem de Lily Allen especial é que suas letras são seu espelho: meio desbocada, meio maluquinha. Dá para sentir isso em seu blog, no site www.lilyallenmusic.com.br: ora ela desanca as novas bandas inglesas de rock ("um bando de posers"), ora mete a boca nos DJs da Radio 1, na seleção de futebol de seu país... Não à toa, ela é comparada a The Streets, Arctic Monkeys e Lady Sovereign -gente nova que coloca suas vidas em suas letras.
"Não é nada intencional. Escrevo sobre coisas que acontecem à minha volta. Não considero um estilo ou algo que faça parte de uma cena. Várias bandas novas britânicas fazem isso porque é o que sentimos. Ninguém agüenta mais músicas que não dizem nada."
Ela diz que estudou música ("improvisações"), mas não sabe tocar nenhum instrumento. Por isso, afirma, dá importância grande à forma com que coloca os vocais de suas canções. "Sei ler música, então, quando escrevo as letras, consigo visualizar a melodia."
Lily Allen é jovem, mas não é nova no showbiz. Ela é filha do comediante e apresentador de TV Keith Allen, e sua mãe produz filmes. Nasceu e cresceu em Londres, estudou em mais de dez escolas e trabalhou até em floricultura. "Sempre estive envolvida com música, mas só comecei a escrever letras há uns dois anos e meio."
O primeiro show rolou em maio, num clube em Londres do qual seu ex-namorado era promoter. "Estava nervosa, mas deu tudo certo. Já fiz até outros nove shows." Ela brinca, mas sua música é coisa séria.


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