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Crítica
"Natal da Portela" expressa desejo de liberdade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não consigo entender o que
não se suporta tanto em certos
filmes de Paulo Cesar Saraceni.
Talvez seja o à vontade, o fato
de estar no cinema como peixe
n'água, de não tratar a câmera
como majestade.
Existe antes de tudo um
grande prazer que se manifesta
em "Natal da Portela" (Canal
Brasil, 16h30; 18 anos), um
grande desejo de liberdade.
Talvez por isso o filme não tenha nem sido distribuído nos
cinemas de São Paulo: apreciamos mais essas coisas esforçadas, corretas, sem luz, tipo filmes da Vera Cruz (e sua herança cada vez mais imensa).
Quando diante de filmes brasileiros, essa tendência ganha
contornos quase patológicos,
mas mesmo diante de estrangeiros abusados (como Brian
de Palma ou Paul Verhoeven)
nosso juízo se aguça. Nos tornamos todos como esses "juízes do juiz" das transmissões
esportivas a pedir punição a tudo o que pareça fugir da norma.
Talvez seja o caso de começarmos a notar que só quando
sai da norma o cinema se torna
interessante, isto é, uma arte.
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