São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Crítica

"Natal da Portela" expressa desejo de liberdade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Não consigo entender o que não se suporta tanto em certos filmes de Paulo Cesar Saraceni. Talvez seja o à vontade, o fato de estar no cinema como peixe n'água, de não tratar a câmera como majestade.
Existe antes de tudo um grande prazer que se manifesta em "Natal da Portela" (Canal Brasil, 16h30; 18 anos), um grande desejo de liberdade. Talvez por isso o filme não tenha nem sido distribuído nos cinemas de São Paulo: apreciamos mais essas coisas esforçadas, corretas, sem luz, tipo filmes da Vera Cruz (e sua herança cada vez mais imensa).
Quando diante de filmes brasileiros, essa tendência ganha contornos quase patológicos, mas mesmo diante de estrangeiros abusados (como Brian de Palma ou Paul Verhoeven) nosso juízo se aguça. Nos tornamos todos como esses "juízes do juiz" das transmissões esportivas a pedir punição a tudo o que pareça fugir da norma.
Talvez seja o caso de começarmos a notar que só quando sai da norma o cinema se torna interessante, isto é, uma arte.


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