|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Organização Social é a única saída", diz Calil
Antes crítico da ideia, secretário municipal de Cultura agora defende modelo
Prefeitura de São Paulo pretende criar um contrato de gestão com entidade privada para administrar
o Teatro Municipal
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário municipal de
Cultura, Carlos Augusto Calil,
sempre se disse desfavorável à
criação de uma Organização
Social (OS) para o Teatro Municipal. Agora, admite ser essa a
única saída. "A OS é a única maneira de contratar os músicos
pela CLT. Caso contrário, teríamos de transformar todos eles
em funcionários públicos, o
que seria anacrônico", diz.
A OS é uma entidade privada
sem fins lucrativos. Esse modelo de gestão tem sido adotado
por várias entidades culturais
de origem pública, como a Pinacoteca ou a Osesp. Pelo projeto da secretaria, a Fundação
Theatro Municipal firmaria um
contrato com a OS e, a partir
daí, toda a folha de pagamento e
os procedimentos administrativos caberiam à organização e
não mais à Prefeitura.
No caso dos músicos, apenas
aqueles que ainda são funcionários públicos permaneceriam vinculados à secretaria.
Conforme se aposentarem,
seus cargos serão extintos.
Os "contratados", hoje irregulares, iriam todos para a OS e,
a partir daí, não caberia mais à
secretaria decidir o destino de
cada um deles. "Os regentes terão a liberdade de fazer a composição dos corpos musicais. A
secretaria não vai dispensar
ninguém", diz Calil.
Esse é o ponto mais polêmico
do projeto. Não há consenso sobre a necessidade de concurso
quando se cria uma OS. O professor Henrique Autran Dourado, diretor de conservatório de
Tatuí e ex-diretor da Escola
Municipal de Música de São
Paulo, diz que todos os músicos
do teatro teriam de passar por
nova prova. "O Ministério Público Federal determina que, se
há dinheiro público, tem de haver seleção pública. Em Tatuí,
criamos uma OS e tivemos de
fazer concursos."
Calil diz que esse assunto será tratado pela Fundação quando ela for criada. "Essa é uma
discussão jurídica. Algumas OS
não têm concurso."
O secretário observa ainda
que caberá à Fundação, formada por quatro Conselhos (deliberativo, fiscal, artístico e de
patrocinadores), controlar a
gestão da OS.
"Uma diferença em relação à
Osesp, por exemplo, é que lá o
Conselho é privado. Na Fundação, ele será público."
Com a OS, a secretaria espera
resolver também problemas
administrativos. Dado o excesso de burocracia, vários procedimentos do teatro ou não
acontecem ou seguem caminhos tortuosos. Por exigirem licitação, ações rotineiras como a
compra de uma peça para um
cenário ou a contratação de um
costureiro vão parar, não raro,
no gabinete do secretário. Muitas vezes, o teatro recorre a um
fundo municipal para comprar
um pedaço de tecido.
Isso sem falar nos desvios financeiros que, em março deste
ano, vieram à tona. Um grupo
de funcionários foi afastado por
envolver-se na compra de instrumentos superfaturados. O
processo corre no Ministério
Público Estadual.
O projeto da OS deve vir a público nas próximas semanas. A
secretaria aguarda apenas o estudo de impacto orçamentário
para encaminhá-lo para o governo. "No centenário, queremos que o teatro esteja restaurado, regularizado e com a infra-estrutura pronta", diz o secretário.
(ANA PAULA SOUSA)
Texto Anterior: Palco obsoleto cria problemas para óperas Próximo Texto: Frases Índice
|