São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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FESTIVAL DE MONTREUX
Hancock volta com o jazz dos Headhunters

do enviado especial a Montreux

Uma das bandas mais populares do jazz elétrico dos anos 70 acaba de voltar à cena. Liderados pelo tecladista Herbie Hancock, os Headhunters foram a atração mais festejada do Festival de Montreux, anteontem, na Suíça.
"Herbie nos levou pelo mundo, 25 anos atrás. Agora, nós é que vamos carregá-lo", brincou o saxofonista Bennie Maupin, ao introduzir o velho parceiro.
Os dois se conheceram ainda no final da década de 60, quando tocaram no grupo do trompetista Miles Davis.
A rearticulação da banda, já registrada no CD "Return of the Headhunters", marca o lançamento do selo Hancock Records, que será distribuído mundialmente pela Verve/PolyGram.
Com os mesmos Paul Jackson (baixo), Bill Summers (percussão) e Mike Clark (bateria), os Headhunters provaram em Montreux que não pretendem reproduzir literalmente a música que fizeram na década de 70.
Composições inéditas, como "Skunk It" e "Funk Hunter", que abriram o show, mostram que a filosofia musical dos Headhunters continua baseada no funk, mas o tratamento sonoro está bem mais próximo dos anos 90.
Sem o tom pretensioso (e meio confuso) do último projeto eletrônico de Herbie Hancock ("Dis Is da Drum", lançado em 94), que não chegou a atingir o grande público, a volta dos Headhunters tem boas chances de funcionar.
Até porque trata-se de um conjunto de músicos de primeira linha.
Difícil dizer o mesmo do Zawinul Syndicate, que abriu a noite, no auditório Stravinsky. A banda liderada pelo tecladista Joe Zawinul continua repetindo a mesma fórmula musical do extinto grupo Weather Report, que, por sinal, também é contemporâneo dos Headhunters.
O problema é que, sem poder contar mais com a criatividade de um Wayne Shorter ou de um Jaco Pastorious, seus antigos parceiros, Zawinul esboça apenas uma caricatura do som do Weather Report, enfeitada com vocais à "world music".
O resultado chega a ser, em alguns momentos, patético.
A noite intitulada "Mixed Bag" terminou com o show de uma revelação recente na área do blues: o guitarrista Kenny Wayne Shepherd, de apenas 20 anos, que vem sendo anunciado como "o novo Stevie Ray Vaughan".
Ainda falta bastante para que o discípulo chegue ao nível de seu ídolo, mas o garoto demonstrou talento e, principalmente, muita garra, para chegar lá.
Wayne Sheperd surge como uma promessa consistente.
(CC)


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