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FESTIVAL DE MONTREUX
Hancock volta com o
jazz dos Headhunters
do enviado especial a Montreux
Uma das bandas mais populares
do jazz elétrico dos anos 70 acaba
de voltar à cena. Liderados pelo tecladista Herbie Hancock, os Headhunters foram a atração mais festejada do Festival de Montreux,
anteontem, na Suíça.
"Herbie nos levou pelo mundo,
25 anos atrás. Agora, nós é que vamos carregá-lo", brincou o saxofonista Bennie Maupin, ao introduzir o velho parceiro.
Os dois se conheceram ainda no
final da década de 60, quando tocaram no grupo do trompetista
Miles Davis.
A rearticulação da banda, já registrada no CD "Return of the
Headhunters", marca o lançamento do selo Hancock Records,
que será distribuído mundialmente pela Verve/PolyGram.
Com os mesmos Paul Jackson
(baixo), Bill Summers (percussão)
e Mike Clark (bateria), os Headhunters provaram em Montreux
que não pretendem reproduzir literalmente a música que fizeram
na década de 70.
Composições inéditas, como
"Skunk It" e "Funk Hunter", que
abriram o show, mostram que a
filosofia musical dos Headhunters
continua baseada no funk, mas o
tratamento sonoro está bem mais
próximo dos anos 90.
Sem o tom pretensioso (e meio
confuso) do último projeto eletrônico de Herbie Hancock ("Dis Is
da Drum", lançado em 94), que
não chegou a atingir o grande público, a volta dos Headhunters
tem boas chances de funcionar.
Até porque trata-se de um conjunto de músicos de primeira linha.
Difícil dizer o mesmo do Zawinul Syndicate, que abriu a noite,
no auditório Stravinsky. A banda
liderada pelo tecladista Joe Zawinul continua repetindo a mesma
fórmula musical do extinto grupo
Weather Report, que, por sinal,
também é contemporâneo dos
Headhunters.
O problema é que, sem poder
contar mais com a criatividade de
um Wayne Shorter ou de um Jaco
Pastorious, seus antigos parceiros,
Zawinul esboça apenas uma caricatura do som do Weather Report,
enfeitada com vocais à "world
music".
O resultado chega a ser, em alguns momentos, patético.
A noite intitulada "Mixed Bag"
terminou com o show de uma revelação recente na área do blues: o
guitarrista Kenny Wayne Shepherd, de apenas 20 anos, que vem
sendo anunciado como "o novo
Stevie Ray Vaughan".
Ainda falta bastante para que o
discípulo chegue ao nível de seu
ídolo, mas o garoto demonstrou
talento e, principalmente, muita
garra, para chegar lá.
Wayne Sheperd surge como
uma promessa consistente.
(CC)
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