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Artista representou condição
humana atormentada e violenta
da Reportagem Local
O pintor irlandês Francis Bacon
(1909-1992) viveu uma vida longa,
intensa, trágica e absolutamente
pessoal, repleta de álcool, drogas,
sexo e acasos (era um jogador inveterado). Para ele, antropofagia
pouca era bobagem, e por isso devorou estéticas, éticas e lógicas
sem qualquer regra de etiqueta.
Bacon optou por imagens sinistras, mas com grande poder de sedução, espelhos de uma condição
humana atormentada e repleta de
violência.
Sua arte foi contra todo o movimento pós-Segunda Guerra, que
privilegiava a arte abstrata.
A antropofagia em Bacon se manifesta na maneira como ele devorou, sem cerimônias, toda a história da arte e como fundiu os corpos, cancelou seus limites físicos
ou os fragmentou.
Suas distorções da figura humana buscavam um desvio do olhar,
tentavam representar a figura retratada e sua experiência, sem interpretações simbólicas. Não se
trata de uma leitura do objeto.
São pinturas de alta carga dramática, que dão às mais simples
figuras humanas uma intensidade
atormentadora. Seus retratos, por
exemplo, funcionam como intensas labaredas envoltas em uma espaço frio e asséptico.
Autodidata, Bacon optou pela
pintura em 1929, depois de ver
uma mostra de Picasso. Em 1945,
decidiu que não produziu nada de
interessante, destruiu toda a sua
produção anterior e começou tudo de novo.
Apesar das deformações, da pincelada forte, das cores vibrantes,
Bacon não se dizia expressionista,
pois não pretendia transmitir suas
emoções ou uma mensagem sobre
o mundo, mas apenas retratá-lo.
Suas telas são cenográficas e se assemelham a palcos teatrais na maneira em que ele isola o personagem e delimita de maneira precisa
as zonas ativas e neutras no espaço
pictórico.
(CELSO FIORAVANTE)
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