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Artista tinha fascinação por bocas
da Reportagem Local
"Gostaria de pintar uma boca
como Monet pinta um crepúsculo". Assim, com uma frase, Bacon
descreveu seu fascínio pela boca.
Segundo ele, o grito que se vê em
suas obras não tem qualquer relação com a obra "O Grito", de
Munch, mas, com certeza, remete
a outras obras que marcaram seu
início de carreira.
Em 1925, Bacon vê pela primeira
vez "A Matança dos Inocentes",
de Poussin, que traz a imagem de
uma mãe gritando. Essa imagem
será recorrente em seus primeiros
trabalhos, junto à cena da enfermeira que grita em "O Encouraçado Potemkin", de Eisenstein.
Sua fixação pela boca também
pode ser resultado do fascínio
causado por um livro que ele comprou sobre doenças da boca. Também pode ser resultado do relaxamento muscular das mandíbulas
de um cadáver.
A boca é, para Bacon, o veículo
das mais concentradas experiências de agonia e êxtase, e o grito é o
momento em que o homem mais
se aproxima do animal. Em seu
texto para a retrospectiva do artista na Tate Gallery, em 1985, Dawn
Ades escreveu que "Bacon não
pretende desumanizar o ser humano, mas mostrar as características animais de um homem em
sua extrema experiência".
A curadora observa ainda que a
boca funciona como o veículo das
mais profundas experiências físicas e psicológicas e que, em várias
obras, Bacon inverte a posição dos
corpos e a boca assume o lugar dos
órgãos genitais.
(CF)
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