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INTERNET
Site criado há menos de um ano divulga músicas de 40 novos artistas
Neoradio abre espaço para o som de bandas novatas
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Se o sonho de toda banda alternativa é justamente deixar o porão, uma grande possibilidade está, hoje, paradoxalmente, num
meio ainda alternativo, a Internet.
Um site com menos de um ano
de operação, o Neoradio
(www.neoradio.com), é uma das
formas de divulgação de cerca de
40 artistas novos -alguns nem
tanto, como Pavilhão 9 e Inocentes-, que lá têm suas letras.
É possível colocar até cinco músicas, disponíveis para quem tem
um programa Real Audio no computador, agenda de shows e, digamos, seus pensamentos vivos.
Nomes como Funk Trunk, Jeff
Izaki e Cynthia Lucci, esta a mais
recente "aquisição" do site e com
show hoje na cidade, utilizam o
meio. "O site funciona para quem
nunca ouviu falar na banda. Não
digo que seja indispensável, mas já
comercializamos discos por meio
dele", diz Daniel Xingú, vocalista
do Funk Trunk.
Edu Cayres, responsável pelo site junto com Fábio Marão, vê outra utilidade na Neoradio. "Conheço produtores musicais e sei
que eles não ouvem as fitas que as
bandas enviam. Mas eles visitam o
site, e lá podem ouvir essas mesmas bandas, anônimos e sem
qualquer pressão."
Embora a novidade não tenha
chegado aos ouvidos dos produtores das majors, alguns selos menores estão atentos. "Considero esses sites ferramentas fundamentais. É mais cômodo para o produtor, não precisamos ficar ouvindo
fitas inteiras, às vezes apenas trechos de músicas são suficientes",
diz José Luiz "Crazy", gerente artístico da Paradoxx, que fechou
contrato com uma banda de Recife, a General Frank, depois de ouvi-la na Internet.
O Neoradio não exclui gêneros,
desde que os artistas sejam brasileiros. Para este semestre, seus sócios acreditam num boom do serviço. "Planejamos estar com 250
artistas até o fim do ano", diz Cayres, que afirma ter 6.000 usuários
cadastrados e 15 mil visitas mensais ao site.
O site parece estar se revelando
bom negócio para seus sócios,
mas eles rejeitam a idéia de extendê-lo para outras áreas. "Temos
afinidade com música. Se fizéssemos um site de poesia, por exemplo, teríamos um envolvimento
meramente comercial com ele",
diz Cayres.
Lojas
É raro encontrar discos dos alternativos nas lojas (exceção da
Pops, na rua Teodoro Sampaio,
em Pinheiros), mesmo com os artistas prensando, em média, mil
CDs de seu trabalho. A possibilidade de vendê-los por meio do site, portanto, não é menosprezada.
Jeff Izaki, que ganhou alguma
notoriedade quanto tinha Letícia
Sabatella como colega no conjunto Tuba Intimista, vê no site uma
"maneira de mostrar o trabalho,
já que não há ninguém que me
mostre".
Com mil cópias de seu disco
prontas há três meses, bateu à porta de vários selos, sem sucesso. Fez
um único show de lançamento,
mas lastima a divulgação dele.
Restou-lhe a Internet. Mas a coisa
não enfezou. "Ainda não vendi
disco nenhum", lamenta.
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