São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2000


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O Rappa, Marisa Monte, Lenine e Raimundos têm mais indicações; emissora faz dez anos no Brasil
MTV entrega premiação a sua pequena audiência

Divulgação
Cena de "A Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)" (O Rappa)



Público escolherá 11 dos 17 vencedores dos prêmios de melhores videoclipes do ano


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A MTV celebra hoje à noite, no Credicard Hall de São Paulo e ao vivo na tela da TV a partir das 22h, o Video Music Brasil 2000. Sofisticando o passo de uma vontade de se aproximar de fatias cada vez maiores de público, entrega 11 das 17 categorias atuais de premiação à escolha da audiência.
Buscando atrair simpatia com a atitude "você decide", a TV musical amplifica um conflito: a tendência de jurados e/ou público de votar em artistas e/ou músicas, mais que nos melhores videoclipes. "A idéia foi representar com mais realismo nossa audiência, deselitizar a premiação. As escolhas dos jurados nem sempre refletiam a vontade dos espectadores", justifica o diretor-geral da MTV, André Mantovani, 36.
"O momento pesa muito em como cada videoclipe é percebido pelo espectador. Ele vota naquilo que mais o representa no momento. Se olhar pelo lado técnico, parece esquizofrênico mesmo."
Em cada categoria -exceto as ditas técnicas-, o espectador pode escolher entre cinco alternativas pré-definidas. Mais de 400 mil espectadores depositaram seus votos virtuais no site da MTV.
Mantovani aplica um possível contra-exemplo da "esquizofrenia": "O Capital Inicial está entre os quatro mais votados para clipe do ano, com uma música mais antiga, que não é do "Acústico MTV". É prova de que a união de música mais mensagem tem impacto sobre o público". A banda citada, que fará show no VMB, é do braço discográfico da Abril, grupo ao qual a MTV se liga.
A aliança com o público remete a números ainda modestos, mesmo com a abertura da MTV, no ano passado, a gêneros populares ("brasileiros", segundo a emissora). "A audiência do canal dobrou desde então. Não gosto de falar os números porque o aumento parece pequeno. Mas na faixa das 22h não chegávamos a um ponto de audiência, e agora estamos sempre acima de um, às vezes com picos de dois."
A guinada popularizadora garantiu, mesmo assim, que a filial brasileira se tornasse a única lucrativa da rede, além da norte-americana (os lucros foram de 9% em 99, segundo a MTV). E Mantovani acaba posicionando o VMB como menina-dos-olhos da programação local. "É o maior faturamento, a maior audiência, o momento máximo da MTV."
Os gastos divulgados da TV com o evento neste ano são de R$ 400 mil -com tal montante, seria possível fabricar 500 clipes como "Valvulado", dos Tchucbandionis, que concorre na categoria democlipe com custo de R$ 800.
Mantovani fala sobre o caso de essa categoria não vir servindo para revelar nomes de futuro. "É complexo. Aparecer na MTV gera exposição, mas daí à gravadora comprar é decisão deles. Não tenho visto apostas de risco na indústria atual de discos."
Carente de astros nascentes, a MTV espalha possíveis novos premiados pelas categorias revelação e as recém-criadas música eletrônica e animação. Fora isso, a indústria é quem domina a festa. Dos 100 itens concorrentes, 89 estão ligados, de alguma forma, às maiores gravadoras do país.
Entre os concorrentes, lideram O Rappa (sete indicações), Marisa Monte (seis), Lenine e Pato Fu (cinco) e Raimundos (quatro). Os shows ficam por conta de Marisa Monte, O Rappa, Planet Hemp, Raimundos e os "brasileiros" Sandy & Júnior, entre outros.
O fio condutor do espetáculo pretende integrar a MTV a ambiente em que ela ainda é nanica, ao menos em termos de público. A celebração de 50 anos de TV (e dez de MTV) no país preencherá vinhetas, e passarão pelo VMB figuras como Francisco Cuoco, Regina Duarte, Fábio Jr., Marília Gabriela, Ratinho, Elke Maravilha, Pedro de Lara, Monique Evans...
O diretor de arte Jimmy Leroy, 37, responsável pelas vinhetas, diz que imagens rápidas revisarão a história da TV brasileira dos 60 em diante: "A MTV tem público básico de adolescentes e jovens, não faria tanto sentido voltar mais atrás nessa busca histórica".
Leroy vê nexo entre o picadeiro televisivo coletado e a linguagem da MTV: "A gente não tem a ilusão de que a TV seja de alta cultura. Queremos desmistificar a idéia de que MTV é uma TV de elite".
"A idéia é homenagear, mas inserir a MTV nesse contexto também", volta Mantovani. "Nestes dez anos, nós contribuímos muito para a transformação de linguagem da TV. É um pouco olhar para o próprio umbigo também."


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