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TELEVISÃO/CRÍTICA
"Anjo Mau" sinaliza "mexicanização" da Globo
FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha
"Anjo Mau", a nova novela da
Globo das 18h, mostrou a que veio
em sua estréia, anteontem. A impressão é a de que a emissora resolveu dar uma "mexicanizada"
na sua teledramaturgia, apesar da
cuidada superprodução.
Após experimentar inovações
como o suspense de "A Próxima
Vítima" e o nonsense e a comédia
de "Quatro por Quatro", a Globo
resolveu voltar no tempo e agora
só aposta naquilo que é certo e absolutamente seguro.
Foi assim com "A Indomada"
-mais uma trama que se passa no
Nordeste com toques de realismo
fantástico- e parece que esse será
o caminho com "Anjo Mau", que
ressuscitou o sucesso de Cassiano
Gabus Mendes.
Assim como as novelas mexicanas, o remake de Maria Adelaide
Amaral parece ser "compacto",
com poucas tramas paralelas e a
ação excessivamente centrada na
saga de Nice, a babá malvada interpretada por Glória Pires.
Outra semelhança entre novela
global e suas concorrentes mexicanas é o uso -ou abuso- de clichês do folhetim. Nice é uma jovem pobre que se apaixona pelo rico empresário, Taís Araújo é uma
ex-menina de rua abandonada pela mãe que se envolve com um rapaz sem saber que ele é seu
meio-irmão e, para completar,
Ariclê Perez pertence à família tradicional que perdeu o dinheiro e
faz de tudo para manter o status.
Mais clichês aparecem nos personagens e nas situações, que abusam dos estereótipos. Exemplos
disso são a mãe que rejeita a filha, o
chefe que abusa das operárias na
fábrica, o playboy que trabalha nas
empresas do pai e só quer saber de
curtir a vida e acumular conquistas amorosas, o inescrupuloso empresário e a perua que não sabe
nem alimentar o filho e precisa desesperadamente de uma babá.
Resta saber se essa velha receita,
que tem rendido bons índices de
audiência ao SBT, vai funcionar na
Globo. No primeiro capítulo,
"Anjo Mau" registrou uma média
de 32 pontos no Ibope (cada ponto
equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo).
O número representa uma evolução ("O Amor Está no Ar" ficava abaixo disso), mas não chega
perto das cifras registradas pelas
campeãs do horário, como "Mulheres de Areia" e "Sonho Meu".
Se a audiência não subir mais ou
cair, ainda resta um velho truque.
Não será surpresa se Márcio Garcia e Luciano Szafir começarem a
aparecer sem camisa, assim como
Leonardo Brício e sua sunga.
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