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CRÍTICA
Sonoridade rejeita a música dos anos 90
DO ENVIADO AO RIO
A sonoridade é mínima, diferente de tudo
que se ouviu no Brasil dos
anos 90. A antiga "Agora Só
Falta Você" (Rita Lee-Luís
Carlini) evoca os trios que
acompanhavam Elis Regina
nos anos 60, mas se beneficia
do desrespeito às regras roqueiras originais e do texto
que faz confissão na voz da
moça. Ela hesitava em cantar, com medo do mundo e
da mãe. Mas resolveu mudar, fazer o que queria fazer.
O vigor do trio pós-moderno arrefece ao longo do
CD, em especial em momentos mais arrastados, sofridos, derramados. A sombra
de Elis é vital, mas o período
de que ela foi porta-voz, o
mais sombrio da história recente daqui, não condiz com
o Brasil de Maria Rita.
Por isso as três canções topetudas do menino Marcelo
Camelo encaixam-se mais
numa idéia de futuro que o
bolero "Dos Gardenias" ou
"Menininha do Portão", que
Wilson Simonal gravou em
69. São belas versões, a lembrança a Simonal é nobre
-mas o passado envelhece
Maria precocemente.
Milton Nascimento percebe bem o conflito e tenta depositar festa no colo jovem.
Mas sua música é antiquada,
e a aceleração vai de ré -seu
oposto, no CD, é o "Cara Valente" de Camelo.
Ainda é cedo para o grande salto, "Maria Rita" ajusta
mais contas com o passado
que com o futuro. É movido
pelo profundo amor de Maria por Elis, como entrega
"Estrela, Estrela" (81), só disponível via internet, para
quem comprar o CD e tiver
computador em casa.
Composta por Vitor Ramil
(gaúcho como Elis), descreve prece apaixonada de Rita
a Regina, de menina na Terra a estrela no céu: "É bom
saber que és parte de mim/
assim como és parte das manhãs". Já está amanhecendo.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Maria Rita
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 28, em média
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