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Especiais da TV relembram o 11/9
Canais pagos exibem documentários cinco anos após atentados; filme de irmãos franceses é destaque
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
A imagem mais emblemática
do século 21 é a colisão dos
aviões comandados pelos terroristas da Al Qaeda contra as
torres do World Trade Center
no 11 de Setembro. Repetida
tantas vezes, a hiperinflação
das imagens pode desvalorizar
e até perigosamente relativizar
o que aconteceu.
Um bom antídoto à banalização do ocorrido é assistir aos
documentários que a TV paga
exibe nesta semana, aproveitando o aniversário de cinco
anos dos atentados. Há vários
deles, então é bom ser seletivo
(veja quadro ao lado).
O melhor e mais conhecido,
"9/11", foi realizado pelos irmãos franceses Gedeon e Jules
Naudet. O canal GNT apresenta a nova versão dos diretores,
mais longa e narrada pelo ator
Robert de Niro.
Em 2001, Gedeon e Jules faziam um modorrento documentário sobre o cotidiano dos
bombeiros de Nova York,
quando foram surpreendidos
pelos atentados. Com senso de
oportunidade, coragem e câmera sempre ligada, eles fizeram os registros conhecidos
mais impressionantes e trágicos do 11 de Setembro.
Os depoimentos dos bombeiros, do capelão que reza orações certamente não-atendidas
e a nuvem negra de fumaça não
perderam nada da trágica força.
Outro documentário muito
bem produzido é atração do
Discovery, "Torres Gêmeas:
Entre os Escombros".
O filme procura mostrar como foram os últimos minutos
de quem estava nas torres no
momento da tragédia.
Com dramatizações que não
caem no melodrama barato e
imagens geradas por computador, a produção recria os efeitos da fumaça, do calor, de andares e divisórias que desabam,
além do desespero das milhares de pessoas que não sabiam o
que fazer.
Feito com a colaboração dos
parentes das vítimas e entrevistas com sobreviventes, faz o
espectador até ouvir as ligações
desesperadas de pessoas que
estavam no 106º andar.
Há imagens de pessoas que
se atiram de seus escritórios
rumo à morte, e a recriação do
trabalho das secretárias que recebiam ligações sem parar e titubeavam para saber se era hora de fugir ou não.
Falhas nos elevadores, no desenho das escadarias e das rotas de fuga, e nos serviços de regaste -que pediam às pessoas
que tentavam abandonar o prédio às pressas para voltarem a
seus escritórios e esperar com
calma- são bem ilustradas.
Ambos documentários enfocam mais as tragédias humanas
e o despreparo, naquele momento, da nação mais rica do
mundo para uma emergência
dessa gravidade. A Al Qaeda ficou de fora em ambos.
Como muita gente politizada
anda praticamente relevando
as agressões aos EUA por conta
da desastrada política externa
do governo Bush, os filmes nos
recordam que nada justifica o
terrorismo dos fundamentalistas e a barbárie cometida em
Nova York.
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