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Crítica
Gitai devolve complexidade ao Oriente Médio
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para o israelense Amos Gitai,
o cinema é antes de tudo um
modo de promover o diálogo
entre povos do Oriente Médio.
Dito assim, soa clichê. Assistindo a "Free Zone" (TC Cult,
18h30), a diferença será evidente. No clichê, a idéia de diálogo parte da idéia da imagem
como linguagem universal e tal
e coisa, mas esconde que essa
linguagem tende a impor uma
visão das coisas em detrimento
de outras.
O esforço de Gitai, quando
fala de diálogo, é exatamente o
inverso: trata-se de restituir à
situação no Oriente Médio sua
complexidade, a pertinência
das várias linguagens que ali se
engalfinham.
Com isso, abre-se a possibilidade de os povos envolvidos no
conflito se reconhecerem, isto
é, se admitirem, verem no outro o direito à vida.
Será que o cinema vai conseguir isso? Eu, muito pessoalmente, não boto a menor fé.
Mas a beleza das coisas não está, o mais das vezes, em existirem, mas em serem concebidas. Então vamos nessa que o
filme é lindo.
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