São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Crítica

De Palma faz criação de fato, não enfeite

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

São poucos os criadores que sobrevivem atualmente nesse moedor de carne que é a indústria do cinema americano sem abrir concessões. Há George Romero, John Carpenter, Clint Eastwood. E mais uns poucos. Nenhum talvez seja tão radical quanto Brian de Palma.
Tomemos "Dália Negra" (TC Cult, 17h45; não recomendado para menores de 16 anos). É um filme de moleque. De Palma é capaz de criar um "travel-ling" alucinante (quando, por exemplo, atravessa toda uma rua em busca da imagem da mulher morta) para contar uma história praticamente incompreensível como esta.
Que importa? Se a vida e a morte (ao menos a desses personagens) são incompreensíveis, por que deveria o filme ser diferente? Afinal, sempre haverá os Christopher Nolan para fazer o cinema mastigadinho com cara de coisa profunda.
Enquanto existirem os De Palma, os Cronenberg -esses malucos que não passam nem na porta do Oscar, o cinema estará garantido. Será criação de fato, não enfeite.


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