São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Rio vê arte barroca de Rubens

Com entrada franca, Centro dos Correios expõe 80 gravuras de um dos maiores artista do século 17

Temas religiosos, maior marca do pintor flamengo, além de retratos de nobres, paisagens e auto-retrato, estão expostos até outubro


CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Em tempos de arte conceitual, instalações e videoarte, as gravuras são consideradas uma forma de expressão artística quase obsoleta. Na Europa do século 17, entretanto, essas reproduções em preto-e-branco, versões reduzidas dos quadros originais, eram peças fundamentais para a difusão das obras dos pintores.
"Naquela época, o único jeito de ter conhecimento de obras de arte era por meio de gravuras. Era a forma de tornar o trabalho conhecido para o público e, também, de os próprios artistas trocarem informações sobre estilo, temas e composições. A gravura tinha uma importância que a gente não consegue mais imaginar hoje", diz Pieter Tjabbes, um dos curadores da mostra "Rubens e seu Ateliê de Gravura", que abre hoje para convidados e amanhã para o público no Centro Cultural dos Correios, no Rio.
A exposição reúne 80 gravuras de um dos maiores expoentes do barroco europeu, Peter Paul Rubens (1577-1640), pintor nascido na Alemanha e radicado em Flandres (região da Bélgica).
Todas fazem parte do acervo do Siegerlandmuseum, localizado em Siegen, na Alemanha, cidade natal do artista. A diretora da instituição, Ursula Blanchebarbe, divide com Tjabbes a responsabilidade pela curadoria da mostra.

"Emoções fortes"
Reafirmação da fé católica impulsionada pela Contra-Reforma, a arte barroca se manifestava na pintura em obras de caráter religioso caracterizadas, nas palavras do curador, "pelo desequilíbrio, pelo movimento e pela expressão de emoções fortes em oposição às composições estáticas da pintura renascentista".
Cenas do Velho e do Novo Testamento e representações das vidas de santos e da Virgem Maria são os temas predominantes nas gravuras expostas.
Há, também, retratos feitos sob encomenda para os nobres das cortes a que Rubens serviu como pintor oficial, além de registros de familiares do pintor em momentos íntimos, um auto-retrato e algumas paisagens que ele começou a retratar já no fim de sua vida, quando comprou um castelo em uma região campestre.
Assim como muitos de seus quadros, as gravuras de Rubens eram executadas por assistentes que trabalhavam em seu ateliê, com base em desenhos preparados pelo pintor e sob a sua supervisão.

Realeza
Artista ligado às cortes do duque de Mântua, na Itália, do rei de Espanha e do regente das províncias espanholas nos Países Baixos, muitas vezes Rubens viajava pela Europa em missões diplomáticas.
"Nessas viagens, ele levava gravuras para dar a possíveis clientes, principalmente nobres e clérigos. Elas serviam como exemplo da excelência e da alta qualidade de suas pinturas.
Daí certamente resultaram muitas encomendas", diz o curador Tjabbes.
Aproveitando-se de sua proximidade com a realeza, Rubens criou um artifício para evitar que a ação de copistas o prejudicasse comercialmente.
"O direito autoral não era reconhecido por lei como um direito moral, mas Rubens conseguiu uma carta do rei que lhe dava o privilégio de ser o único autorizado a fazer cópias de sua própria obra", conta o curador.
Embora não tenha acabado totalmente com a "pirataria", Rubens garantiu, assim, a autenticidade das gravuras produzidas em seu ateliê. Na exposição do Centro Cultural dos Correios, 57 das 80 obras têm a chancela real, que pode ser identificada em letras miúdas na parte inferior das gravuras.


RUBENS E SEU ATELIÊ DE GRAVURA
Quando: de hoje a 19/10; ter. a dom., das 12h às 19h
Onde: Centro Cultural dos Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, RJ; tel. 0/xx/ 21/ 2253-1580
Classificação indicativa: livre
Quanto: entrada franca



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