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Penguin chega ao país ao lado da Cia. das Letras
Editora nacional fecha parceria com tradicional casa britânica, especializada em publicação de clássicos
Novo selo vai lançar 12 livros no ano que vem, com preços entre R$ 15 e R$ 35, como "Memórias de um Sargento..." e "O Príncipe"
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Em 1935, ao voltar de uma visita à escritora Agatha Christie
no interior da Inglaterra, o editor britânico Allen Lane procurou e não achou nas bancas da
estação de trem um livro de
qualidade para ler na viagem a
Londres. Meses depois, saía o
primeiro título da editora Penguin, criada por ele, que desde
então se especializa em edições
bem cuidadas de clássicos a
preços acessíveis.
Hoje parte do império de publicação Pearson, com 1,5 mil
títulos em seu catálogo de clássicos, R$ 2,7 bilhões de vendas
em 2008 e presente em 15 países, o trem da Penguin faz sua
próxima parada no Brasil. A
editora britânica anunciou ontem em Nova York uma joint-venture com a brasileira Companhia das Letras, a primeira
em língua portuguesa.
O novo selo, batizado Penguin Companhia Clássicos, lança seus primeiros títulos em
2010. Espera-se que no primeiro ano saiam 12 livros e que a
média chegue a 24 -ou um a
cada quinzena- nos anos seguintes, com picos de até quarenta títulos por ano. Serão edições com tiragem inicial de 5
mil exemplares e preços que
variarão entre R$ 15 e R$ 35.
Encabeçam a lista inicial "O
Príncipe", de Nicolau Maquiavel, que ganha prefácio do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, um tucano no ninho
de pinguins; "Memórias de Um
Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida, com
introdução e notas de José Murilo de Carvalho; "O Brasil Holandês", organizado por Evaldo
Cabral de Mello; e "Jorge Amado Essencial".
O último, com seleção, introdução e notas de Alberto da
Costa e Silva, será a versão brasileira da importante subcoleção "The Portable", uma seleção do mais relevante na obra
de um autor, que no Brasil se
chamará "Essencial".
Além disso, haverá o selo
Penguin Companhia, com os
clássicos em língua portuguesa
que não estão no catálogo da
Penguin Classics. Na edição
dos dois selos estarão Matinas
Suzuki Jr. e André Conti.
A junção das empresas serve
a dois interesses. A Penguin
procura entrar no mercado potencialmente imenso das economias emergentes e de língua
não inglesa. Nos últimos anos,
lançou iniciativas semelhantes
na China, na Índia e na Coreia
do Sul. Agora, chega ao Brasil.
"O Brasil tem um potencial
de crescimento enorme, com
muitas oportunidades na área
de livros de educação, por
exemplo", disse à Folha John
Makinson, presidente e diretor-executivo da Penguin. "Faltava achar o parceiro certo,
com o enfoque certo."
Já a brasileira busca ampliar
sua participação no mercado
dos clássicos, fatia cobiçada pelas editoras pelo custo relativamente barato de produção das
obras. "Nós sempre nos interessamos pelos chamados livros de permanência", disse
Luiz Schwarcz, fundador da
Companhia das Letras.
Instado pela reportagem,
Makinson confirma que o projeto da Penguin é expansionista e não deve parar no Brasil
nem em formatos tradicionais.
Envolve educação e mais presença em leitores eletrônicos
como o Kindle, que ele chama
de "frenemies", junção das palavras "amigo" e "inimigo" em
inglês. "Mas lentamente, sem
comprometer a qualidade."
Indagado sobre se não teme
ser engolfado por tamanho gigante -o faturamento mundial
da Penguin é igual ao faturamento de todo o mercado editorial brasileiro-, Schwarcz
diz que não. "É uma operação
conjunta, um diálogo real, de
construir listas título a título."
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