São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2011

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Oitava Bienal do Mercosul reúne "agressões" às bandeiras

Evento em Porto Alegre começa com orçamento de R$ 12,5 milhões

SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Um batalhão de formigas devastou campos de areia tingida e chegou ao centro da bandeira brasileira, embaralhando ordem e progresso.
Na Bienal do Mercosul, que começa hoje em Porto Alegre, nações são arremedos de ícones e símbolos vazios.
Pelo menos a colônia de formigas morando nas bandeiras de areia do japonês Yanagi Yukinori dá conta desse estado incerto das coisas.
Tendo a mostra o nome de um tratado comercial até hoje capenga, nada mais natural do que discutir territórios em frangalhos no meio da crise econômica que assola o mundo desenvolvido.
A oitava edição tem o maior orçamento até agora, R$ 12,5 milhões. Se não traz os medalhões do mercado, se consolidou como vitrine de artistas emergentes.
"É o momento para perguntar o que é uma nação, que conflitos envolve, o que é um Estado nacional", resume o colombiano José Roca, curador da mostra. "Não queríamos fazer a bienal das bandeiras, mas era inevitável."
Tanto que elas estão por toda parte. Leslie Shows, americana, abre a mostra com uma série de bandeiras esvaziadas de cor, panos brancos com poças de tinta a seus pés.
Francis Alÿs exibe uma intervenção sobre a bandeira do México, país que o artista belga adotou há décadas.
Estendendo a agressão às bandeiras, a paraguaia Paola Parcerisa destrói uma de seu país, sobrando só um brasão flutuando em meio a contornos vazios. Luis Romero, venezuelano, tinge tudo de preto, deixando só alguns símbolos em branco numa série de bandeiras.
Mais sofisticados, os trabalhos da britânica Melanie Smith e do espanhol Santiago Sierra levam essa questão a outro patamar. Ela mostra crianças segurando fragmentos de imagens icônicas da história do México na arquibancada do estádio Azteca, na capital do país.
Desenhos se formam e se perdem com rapidez assustadora, denunciando como a cultura pode ser subordinada à política. Sem imagens, Sierra criou uma cacofonia no jardim do palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, com megafones tocando hinos dos países do Mercosul.
Nesse concerto de nações, sobressaem o caos e uma ideia difusa de nacionalidade em tempos de revolução e crise.

BIENAL DO MERCOSUL
QUANDO das 9h às 21h; até 15/11
ONDE av. Mauá, 1.050, tel. 0/xx/51/3254-7500 (veja mais horários e endereços em www.bienalmercosul.art.br)
QUANTO grátis




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