|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"AMÉM"
Gavras lança ataque contra a igreja
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Desde "Z" (1969), Costa-Gavras é sinônimo de cinema
político. Fiel ao renome, o diretor
de origem grega voltou à tona no
ano passado com esse "Amém",
filme-denúncia sobre a posição
do papa Pio 12 (e, por consequência, do catolicismo) em relação ao
nazismo e ao Holocausto.
Não há novidades nas acusações que o filme faz à igreja. Trata-se mais de um resumo das "teses"
de "O Papa de Hitler", de John
Cornwell, e de "A Moral Reckoning", de Daniel Goldhagen.
A diferença é que, em vez da argumentação (aliás, questionável)
dos livros, o cinema de Costa-Gavras apóia-se na mera retórica.
De fato, desde "Z", Costa-Gavras mostrou-se menos cineasta e
mais político. O filme para ele não
passa de uma ferramenta para denunciar injustiças, totalitarismos,
fascismos etc. As boas intenções,
porém, não o transformam em
um bom cineasta. E, como todo
político, o diretor não ultrapassa o
limiar do populismo.
Quando tem uma boa idéia
-como a dos planos dos trens
rumo aos campos de concentração-, Costa-Gavras a reitera tanto que acaba por transformar um
"achado" num clichê.
De interesse, "Amém" traz a demonstração do Holocausto como
um processo produtivo/destrutivo em escala industrial perfeitamente integrado à lógica capitalista.
Aí, sim, Costa-Gavras faz cinema político quase sem perceber.
Amém
Amen
Produção: França/Inglaterra, 2002
Direção: Costa-Gavras
Com: Mathieu Kassovitz, Ulrich Tukur
Quando: a partir de hoje nos cines
Espaço Unibanco e Pátio Higienópolis
Texto Anterior: Cinema/estréias - "Kedma": Amos Gitai mostra dores de conflito que dispensa juízes Próximo Texto: "Maria - A Mãe do Filho de Deus": Produto sem disfarces não atinge emoção pretendida Índice
|