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Crítica
"Ruanda" é filme quadrado cheio de boa intenção
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Só uma pessoa de mau coração pode duvidar das boas intenções de "Hotel Ruanda"
(TC Premium, 13h50). Afinal, a
história do gerente de hotel
(Don Cheadle) que abre as portas de seu estabelecimento para as pessoas que fogem de uma
cruel guerra civil (em 1994, em
Ruanda) é irretocável, do ponto de vista humanitário.
Estamos, de certa forma, no
território do Schindler de
"A Lista de Schindler" e outros
benfeitores anônimos ou quase. Com a diferença de que o
gerente não tinha nas costas
os pecados que Schindler
carregava.
Mas o que há de errado com
o filme, então? À parte a quadradice patológica da forma, o
filme centra fogo nos acontecimentos do momento, como a
crueldade irracional das forças
em combate.
Para seus responsáveis, existe uma natureza irracional e
violenta: é negra, ou africana,
ou lá o que seja. Não, de colonialismo não se fala. E, assim,
tudo o que o politicamente correto reprime reaparece na tela
com fanfarra e bandeirinhas.
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