DO ENVIADO A SALVADOR

A casa de Jorge Amado e Zélia Gattai no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, tem muito pouco a ver com os cenários da Bahia pobre e colorida dos livros do escritor.
Cercada por uma alta muralha, a residência fica isolada no topo de uma ladeira rodeada por casas de classe média alta. Por ali passaram personagens importantes, amigos de Jorge Amado e interessados em sua literatura.
Entre eles, o peruano Mario Vargas Llosa, o chileno Pablo Neruda, o americano Sidney Sheldon e o brasileiro Tom Jobim, além do político Antônio Carlos Magalhães -de quem o escritor, apesar de comunista, era amigo.
As visitas ilustres eram registradas nas fotos de Zélia. O material dará origem ao primeiro livro, ainda sem título, com lançamento previsto para até o fim do ano pela Fundação Casa de Jorge Amado.
Uma das fotos registra a visita do cineasta Roman Polanski em 1968. Ele chegou a Salvador com um amigo calado e de chapéu cobrindo os olhos. "Esse amigo ficou passeando pelo jardim e falou pouco", diz Paloma Amado, que ouviu a história de Zélia. Na época, perguntou à mãe o nome do visitante: "Um tal de Jack Nicholson".
A única foto que registra a presença do ator foi encontrada agora. Nela, ele aparece de lado, atrás de Polanski e com o rosto parcialmente encoberto. Uma desolação para qualquer fotógrafo.


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