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ARTES PLÁSTICAS
Exposição "O Olhar Modernista de JK" abre amanhã ao público no Palácio Itamaraty, em Brasília
Mostra exibe Tarsila rara e obra polêmica de Candido Portinari
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A abertura da exposição "O
Olhar Modernista de JK" em Brasília marca um encontro histórico
com uma irmã 60 anos mais velha. A mostra, que abre hoje para
convidados e amanhã ao público
no Palácio Itamaraty, é uma remontagem da 1ª Exposição de Arte Moderna, realizada em Belo
Horizonte em 1944 a partir do
ideal do então prefeito Juscelino
Kubitschek e que levou à cidade
artistas como Candido Portinari,
Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Iberê Camargo.
A exposição de 1944 foi um dos
três marcos da modernidade brasileira -de representatividade
artística, polêmica e tamanho
comparáveis à Semana de Arte
Moderna de 1922, em São Paulo, e
ao Salão Revolucionário de 1932,
no Rio de Janeiro.
O evento de 1944, além das
obras e artistas, levou a Minas Gerais escritores, músicos e pensadores afinados com o modernismo. O esforço de Kubitschek em
promover a arte era também o de
mostrar sua mais recente obra, a
Pampulha, aos artistas.
Sob a curadoria de Alberto da
Veiga Guignard, que se mudara
havia pouco para Belo Horizonte,
a exposição levou à capital mineira os nomes que esculpiram a arte
moderna brasileira e aqueles que
iriam iniciar o movimento artístico contemporâneo.
Passados 60 anos, a exposição
ganha uma remontagem de estatura semelhante. A curadora, Denise Mattar, dividiu a mostra em
quatro módulos.
O "Galo"
Em sua primeira parte, a remontagem traz 80 obras dos 46
artistas que participaram da exposição original. Pelo menos 40
quadros são os mesmos apresentados em Belo Horizonte. Entre
eles, o polêmico "Galo", de Portinari -que dividiu opiniões e causou repúdio por trazer o animal
em uma posição irreal- e "Terra", obra de Tarsila que não é exposta desde 1944.
O módulo apresenta os primeiros modernistas, como Di Cavalcanti, Mafaltti e Lasar Segall, os
núcleos do segundo modernismo, que trazem a arte para o cotidiano, como o grupo Santa Helena de Alfredo Volpi, os precursores do movimento contemporâneo, como Carlos Scliar, e gravuras de nomes como Poti Lazzarotto e Iberê Camargo.
Essa ala revela ainda raridades,
como "Os Mendigos", de Santa
Rosa. O quadro foi uma das oito
obras cortadas com gilete durante
a exposição que tomou o edifício
Mariana, no centro da cidade. O
ataque foi uma demonstração da
contrariedade causada pela exposição modernista.
"Os Mendigos", única obra cortada que não desapareceu, foi recuperada -e ainda ostenta a
marca da gilete- e mantida pela
família de JK, a quem o quadro
havia sido presenteado antes da
exposição.
Homenagem
O amor de JK às artes é o tema
do segundo módulo da exposição. "JK e as Artes" conta a contribuição artística do Kubitschek
político, desde a prefeitura até a
Presidência da República, passando pelo governo de Minas Gerais.
São fotos de JK com celebridades como Kim Novak, Marlene
Dietrich, Louis Armstrong, Marlon Brando e Jean-Paul Sartre ou
com personalidades do mundo
das artes do Brasil, como Yolanda
Penteado. O módulo termina
com fotos das obras arquitetônicas modernistas de JK e Oscar
Niemeyer: Pampulha e Brasília.
A ala seguinte da exposição é, ao
mesmo tempo, uma homenagem
e uma revelação. Na sala Martha
Loutsch estão expostas 35 obras
da artista alemã radicada no Brasil na segunda metade da década
de 30. Loutsch foi a única artista
residente em Minas Gerais a expor na mostra de 1944.
Por último, "O Olhar Modernista de JK" relembra o otimismo da
época com uma exposição de
anúncios publicitários e adereços
dos anos 40 e 50. De sabonetes a
aspiradores de pó, os recortes deixam transparecer a atitude positiva de uma sociedade que se percebia moderna e também em franca
expansão.
O OLHAR MODERNISTA DE JK. Onde:
Palácio Itamaraty (Esplanada dos
Ministérios, em Brasília). Quando:
abertura hoje, a partir das 19h; de
segunda a sexta, das 14h às 16h30;
sábados, domingos e feriados, das 10h às
15h30; até 12/12. Quanto: entrada
franca.
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