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Música
Underworld faz dance "improvisada" no Brasil
Dupla inglesa não tem set list e manipula sons e imagens de forma espontânea
Autor do hit "Born Slippy", grupo realiza shows em São Paulo e no Rio e é o último dos grandes da eletrônica a desembarcar no país
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A ausência de estrofes e refrãos, canções em que a dinâmica das batidas é mais relevante do que melodia e acordes,
artistas sem uma imagem, um
rosto para vender. A dance music entortou alguns padrões estabelecidos pelo pop, e um dos
mais conflitantes, ainda hoje, é
o caráter "ao vivo" das apresentações. A dupla inglesa Underworld vem ao país atiçar mais
um pouco essa discussão.
Após Daft Punk, Kraftwerk,
Prodigy, Chemical Brothers, o
Underworld é o último dos
grandes da eletrônica a chegar
às pistas brasileiras. O duo toca,
na próxima quarta, num campo
de pólo em Indaiatuba (80 km
de São Paulo), em festa promovida pelo Sirena, e, no dia 18, no
festival Creamfields, no Rio.
Apresentação de dance music normalmente conta apenas
com dois ou três nerds atrás de
laptops ou equipamentos eletrônicos. Como a música é sincronizada com efeitos de luz e
imagens, há pouco espaço para
improvisações. Não é o caso do
Underworld, afirma à Folha o
vocalista e músico Karl Hyde.
"O show é todo improvisado:
as músicas, as projeções, as luzes. Não temos set list nem costumamos ensaiar. Tudo é manipulado na hora e produzimos
a performance de acordo com a
resposta do público."
No palco, o Underworld
(Hyde e o produtor Rick
Smith) é acompanhado pelo DJ
Darren Price. O show chega a
durar até três horas, mas, em
São Paulo, o duo tocará por
duas horas (das 20h às 22h).
Com quatro discos de estúdio, além de coletâneas, o Underworld ficou conhecido no
planeta pela faixa "Born
Slippy", música-tema do filme
"Trainspotting" (96). A canção,
entoada até em arquibancadas
de futebol, transformou-se
num hino hedonista, celebração de uma juventude niilista.
"Essa música é, na verdade,
como um grito de socorro", diz
Hyde, que a compôs numa época em que passava por problemas com o álcool. "Não acho
que seja hedonista, pelo menos
não era a intenção."
E foi "Born Slippy" que levantou "Trainspotting" ou foi
"Trainspotting" que levantou
"Born Slippy"? "Funcionam
juntos. Não dá para escolher
um sem pensar no outro. Além
disso, a partir dali começamos
a colaborar com Danny [Boyle,
cineasta]. Já fizemos cinco filmes com ele e acabamos de fazer mais um, "Sunshine", que
será lançado no ano que vem."
O Underworld tem apelo variado, vide faixas como "Two
Months Off", "Jumbo" e "Rez".
"Somos ecléticos, ouvimos reggae, erudito, trilhas sonoras,
música indígena... Nossas canções não são puramente eletrônicas ou puramente dance music. Em todos os álbuns há faixas para a pista e para serem
ouvidas em outros lugares."
UNDERWORLD
Quando: 15/11, a partir das 14h
Onde: Helvetia Pólo Club (rod. Santos Dumont, saída 66, Indaiatuba
São Paulo; veja como chegar em www.sirena.com.br)
Quanto: de R$ 60 a R$ 100
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