São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Crítica/show/R.E.M.

Animação por Obama embala noite histórica

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Porto Alegre, 6 de novembro de 2008, 22h10: uma quinta-feira histórica para o Esporte Clube São José e também para o grupo americano R.E.M.
Enquanto o estádio do time fundado em 1913 recebia seu primeiro show internacional, os protagonistas do espetáculo iniciavam sua primeira performance com Barack Obama eleito presidente dos EUA.
E ele talvez tenha sido o grande nome da apresentação que abriu a turnê brasileira do R.E.M. Antes da terceira música, a platéia gaúcha já gritava "Obama! Obama!". Vocalista da banda e entusiasta do eleito, Michael Stipe recebeu de um fã uma faixa com a frase (em inglês): "Povo norte-americano: parabéns por escolher Obama", e fez questão de exibi-la.
Após a execução do sucesso "What's the Frequency, Kenneth?", o cantor voltou ao tema. "Temos um novo presidente, não poderíamos estar mais felizes." No bis, outra faixa em inglês chegou ao palco. Dizia: "Somos Obama também".
Stipe não só a mostrou como aproveitou a deixa para cantar uma música, segundo ele, sobre o sonho americano: a velhinha "Cuyahoga", lançada em 1986 e raramente executada ao vivo.
O grupo tocou 25 canções em quase duas horas. O estádio abrigou cerca de 14 mil espectadores, número maior do que pode receber o Via Funchal em duas noites. E o público paulistano inexplicavelmente ainda não esgotou os ingressos para os shows do R.E.M. na casa.
Vestido elegantemente, com direito a gravata -que seria arrancada no meio da apresentação-, Stipe não economizou nos gestos nem na interação com os fãs. Dançou, cantou ajoelhado, mostrou o peito na parte de "I Took Your Name" que cita Iggy Pop, acenou e desceu ao fosso para cumprimentar os mais afoitos.
Não precisava provar mais uma vez que é um dos rockstars mais carismáticos de todos os tempos. Mas provou.
O baixista e tecladista Mike Mills e o guitarrista Peter Buck também estavam elétricos. Em alguns momentos, a banda parecia ainda mais afiada do que no terceiro Rock in Rio (2001).
Conta a favor do R.E.M. o fato de "Accelerate", o disco que motiva a turnê, possuir um pique ótimo e já ter consagrado duas canções, "Hollow Man" e "Supernatural Superserious".
Mais bem-recebidas do que essas, apenas os megahits "The One I Love", "It's the End of the World as We Know It (and I Feel Fine)", "Everybody Hurts", "Losing my Religion", "Man on The Moon" e a mais recente "Imitation of Life".
Para os fãs que conhecem a discografia de cabo a rabo, a banda mandou "Disturbance at the Heron House", da fase independente, e "Find the River", linda e esquecida balada do álbum "Automatic for the People". O set list ainda previa as antigonas "Driver 8", "(Don't Go Back to) Rockville" e "Exhuming McCarthy", mas o grupo optou por não tocá-las.

Avaliação: ótimo



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