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Português representará Brasil em Veneza
Curador diz haver escolhido artista criado no Rio porque ele rompe estereótipo nacional
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
O artista português Artur
Barrio será o representante
do Brasil na Bienal de Veneza, no próximo ano. A escolha foi feita por Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, curadores da 29ª Bienal de São
Paulo, onde o artista também
se encontra em cartaz.
Barrio nasceu na cidade
do Porto, em 1945, e desde
1955 vive no Rio de Janeiro,
onde estudou arte e desenvolveu toda a sua carreira.
"Aqui eu comecei do zero,
mas tenho essa posição estranha de ser um artista português, sem nunca ter trabalhado em Portugal. Por isso
fico muito contente em representar o Brasil, algo que sempre pleiteei", disse Barrio,
por telefone, do Rio.
A escolha pelo artista, segundo Dos Anjos, visa romper com certo estereótipo nacional. "Criações fundamentais da cultura brasileira como o neoconcretismo, a bossa nova e a arquitetura moderna quase sempre excluem
os traços de inacabamento,
de atrito e de ruído simbólicos que são cruciais na nossa
formação e se impõem como
força na obra de Barrio."
Apesar de ter alcançado
grande repercussão na 11ª
Documenta de Kassel, em
2002, ao encher de pó de café
seu espaço, fazendo com que
o cheiro invadisse outras
obras, Barrio nunca participou da Bienal de Veneza.
Nas últimas décadas, a representação brasileira sempre foi composta por dois artistas, o que é rompido pela
dupla de curadores.
Além de ocupar o pavilhão
brasileiro, onde Barrio criará
uma nova instalação, os curadores buscam outro espaço
na cidade, para exibir as
obras dos anos 1970,vistas
atualmente na Bienal.
As trouxas de carne embrulhadas em tecido e espalhadas num parque de Belo
Horizonte são um dos mais
contundentes trabalhos de
arte dessa época.
Velejador e mergulhador,
Barrio espera levar seu barco
à Veneza, para criar a nova
obra: "Não sou de fazer projetos, desenvolvo no espaço,
mas quero fazer uma variante do café, na Documenta."
A representação brasileira
em Veneza tem apoio dos ministérios das Relações Exteriores e da Cultura.
Em São Paulo, Barrio apresenta também "Da Inutilidade da Utilidade da Política da
Arte", instalação que mescla
fotos subaquáticas com carcaças de peixe e elásticos
presos em pregos no chão.
Na abertura, aliás, muitos
tropeçavam nos pregos, que
foram rebaixados, para evitar quedas. "Era só as pessoas olharem por onde andam, que nada aconteceria",
diz.
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