São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Português representará Brasil em Veneza

Curador diz haver escolhido artista criado no Rio porque ele rompe estereótipo nacional

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

O artista português Artur Barrio será o representante do Brasil na Bienal de Veneza, no próximo ano. A escolha foi feita por Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos, curadores da 29ª Bienal de São Paulo, onde o artista também se encontra em cartaz.
Barrio nasceu na cidade do Porto, em 1945, e desde 1955 vive no Rio de Janeiro, onde estudou arte e desenvolveu toda a sua carreira.
"Aqui eu comecei do zero, mas tenho essa posição estranha de ser um artista português, sem nunca ter trabalhado em Portugal. Por isso fico muito contente em representar o Brasil, algo que sempre pleiteei", disse Barrio, por telefone, do Rio.
A escolha pelo artista, segundo Dos Anjos, visa romper com certo estereótipo nacional. "Criações fundamentais da cultura brasileira como o neoconcretismo, a bossa nova e a arquitetura moderna quase sempre excluem os traços de inacabamento, de atrito e de ruído simbólicos que são cruciais na nossa formação e se impõem como força na obra de Barrio."
Apesar de ter alcançado grande repercussão na 11ª Documenta de Kassel, em 2002, ao encher de pó de café seu espaço, fazendo com que o cheiro invadisse outras obras, Barrio nunca participou da Bienal de Veneza.
Nas últimas décadas, a representação brasileira sempre foi composta por dois artistas, o que é rompido pela dupla de curadores.
Além de ocupar o pavilhão brasileiro, onde Barrio criará uma nova instalação, os curadores buscam outro espaço na cidade, para exibir as obras dos anos 1970,vistas atualmente na Bienal.
As trouxas de carne embrulhadas em tecido e espalhadas num parque de Belo Horizonte são um dos mais contundentes trabalhos de arte dessa época.
Velejador e mergulhador, Barrio espera levar seu barco à Veneza, para criar a nova obra: "Não sou de fazer projetos, desenvolvo no espaço, mas quero fazer uma variante do café, na Documenta."
A representação brasileira em Veneza tem apoio dos ministérios das Relações Exteriores e da Cultura.
Em São Paulo, Barrio apresenta também "Da Inutilidade da Utilidade da Política da Arte", instalação que mescla fotos subaquáticas com carcaças de peixe e elásticos presos em pregos no chão.
Na abertura, aliás, muitos tropeçavam nos pregos, que foram rebaixados, para evitar quedas. "Era só as pessoas olharem por onde andam, que nada aconteceria", diz.


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