São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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O que os olhos não veem

Venda de bilhetes em assentos sem visibilidade irrita público do Theatro Municipal de SP

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

John Malkovich subiu ao palco do Theatro Municipal no último final de semana com sua "Infernal Comedy". Infernal, literalmente, para quem comprou os ingressos mais baratos, vendidos a R$ 150 cada um. No setor intitulado anfiteatro, que fica no quinto andar, não se viam o ator ou as cantoras, apenas parte da orquestra, ao fundo do palco. Mulheres, em pé, se equilibravam no salto alto para tentar enxergar algo do enredo. Começou uma briga.
"Sentado na minha cadeira eu não conseguia nem ver a orquestra toda. E olha que eu tenho 1,93 m.", reclama o comerciante Marcelo Castanheira, 46.
No site da Ingresso Rápido, rede que comercializa entradas para os teatros da prefeitura, o mapa de assentos do Municipal indica 128 poltronas com "visão prejudicada" destacadas em preto.
Dessas, 54 ficam no balcão simples, 50 na galeria e 24 no foyer. Nada é dito sobre o anfiteatro, que comporta 155 pessoas sentadas. Mas foi ali o problema.
Na sexta-feira, o editor britânico Tony Danby, 43, mudou de setor sem ninguém ver e conseguiu, assim, assistir ao espetáculo. Na apresentação do sábado, uma parte dos espectadores dali se organizou para reclamar e conseguiu a devolução do dinheiro.
"Eu comprei pela internet. Se eu soubesse que não dava para ver, teria comprado em outro setor. Tenho certeza de não ter sido avisado", lembra Michel Pinesi Campanella, que adquiriu ingressos para a fileira D do anfiteatro, assentos 21, 23 e 25. "Minha namorada falou para eu comprar o lugar mais barato. Sabia que estaríamos longe, ela levou o binóculo. Mas não dava para ver nada. Nada mesmo. Todo mundo começou a ficar em pé. "


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