São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA MUSICAL

Com Claudia Raia, montagem de "Cabaret" em SP arrebata público

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DA PUBLIFOLHA

Houve uma proliferação de musicais em São Paulo, mas até agora ninguém tinha ousado enfrentar um dos melhores espetáculos no gênero: "Cabaret". A tarefa coube a Claudia Raia, que capitaneia a versão em cartaz na cidade, materializando uma obsessão de sua vida: encarnar a dançarina Sally Bowles.
"Cabaret" estreou em 1966 na Broadway, com enorme sucesso. Da primeira montagem, fez parte, inclusive, a grande atriz e cantora austríaca Lotte Lenya, intérprete de Brecht no tempo da República de Weimar (1919-1933) -a mesma época, aliás, em que se passa a trama do musical.
Aqui, a montagem é bastante bem-sucedida. O diretor José Possi Neto fez um trabalho eficiente, que arrebata o público, embora suas opções tendam ao convencional, quando não ao acadêmico. A versão em português das letras coube a Miguel Falabella, que achou boas soluções para a maioria delas (em particular, "Mein Herr").
O cenário da peça é terrivelmente banal. A ocultação da orquestra no fundo do palco é uma solução lastimável e privou o musical de um charmoso elemento cênico. Em compensação, o figurino de Fabio Namatame, a partir de arquétipos da lingerie, é espetacular. O fascinante papel de MC (mestre-de-cerimônias do Kit Kat Club) coube a Jarbas Homem de Melo, que, com sua voz e seu físico vigorosos, produziu um tipo mais agressivo, mais sexualizado e com menos sutilezas do que o projetado pelo genial Joel Grey. Apesar do tom histérico, a excepcional performance de Melo domina o espetáculo.
Claudia Raia criou uma Sally Bowles deliciosa, mais madura e inclinada ao patético. Incrível atriz cômica que é, Raia resolve melhor os momentos de ironia e malícia do personagem. Como cantora, não faz feio, mas ainda tem o que aprimorar. Como dançarina, está irresistível.
Certamente, à medida que a temporada avançar, a atriz encontrará a unidade entre as várias faces do seu personagem. O que não lhe falta é paixão nem carisma. Sua presença eletriza a plateia -e suas pernas magníficas deixam todo mundo boquiaberto.

CABARET
QUANDO qui., às 21h; sex., às 21h30; sáb., às 18h e 21h30; e dom., às 18h
ONDE teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823; tel. 0/xx/11/4003-1212)
QUANTO de R$ 40 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo


Texto Anterior: Teatro: Cia. Os Satyros enxuga maratona teatral
Próximo Texto: Rubricas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.