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MÚSICA
Banda gaúcha busca referências divertidas na new wave oitentista em seu segundo disco, "Outubro ou Nada!"
Bidê ou Balde faz do pop um esconderijo
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Chame de espírito da época ou
de mera coincidência, mas, ao lapidar o próprio rock em seu novo
disco, "Outubro ou Nada!", o Bidê ou Balde levanta a possibilidade que a new wave de ternos coloridos e guitarras do grupo gaúcho
seja precursora da "volta do
rock", de Strokes, White Stripes
"e aqueles imitões suecos do Hives", como tripudia, irônico, o vocalista Carlinhos Carneiro.
"Não há nenhuma mudança radical no nosso som, mas estamos
mais íntimos com o estúdio de
gravação", continua o vocalista.
Produzido por Thomas Dreher
("que nos infectou durante o processo"), o disco "tem umas coisas
estranhas, barulhinhos esquisitos.
Gravamos chuva, projetor de 16
mm, macumba -mas por uma
questão de medo do desconhecido, não usamos", desvia.
Dreher é conhecido por produzir nomes da estranha psicodelia
gaúcha, como Jupiter Apple e
Graforréia Xilarmônica, um Duprat dos pampas. Seu dedo é sentido por todo o disco: fagotes, clarinetes, quarteto de cordas e engenhocas sonoras. Mas seria exagero chamar "Outubro ou Nada!"
de psicodélico.
Mas se no álbum de estréia ("Se
Sexo É o que Importa, Só o Rock É
sobre Amor", de 99) a banda soava estritamente pop, no novo as
guitarras crescem e a banda alinha-se aos Autoramas no quesito
"rock pra dançar". Escaldados,
buscam seus pares na new wave,
dos B-52's à Blitz, Blondie, Go-Go's e Cars. O entrelaçamento de
"uh-uhs", vocais blasé, tecladões
da idade da pedra jovem, guitarras supersônicas e ritmo acompanhados às palmas resulta num
disco divertido e fingido de fútil,
que enfileira hits como uma banda de rock nacional dos anos 80.
"É duro enriquecer no ramo dos
fã-clubes", escarnece a faixa de
abertura, "Hollywood #52".
Fugindo do pop, o grupo também foge do hype a que foi submetido na passagem de 1999 para
o ano 2000. "O Antipático" ("Eu
nunca vou fazer exatamente o que
você espera que eu vá fazer") é a
prova mais evidente, e outras faixas mantêm o tom áspero.
Afirmando a própria personalidade, o Bidê ou Balde transforma
o universo de referências pop que
habita numa espécie de esconderijo ilegal, um aparelho subversivo. E isso é tão anos 80 quanto as
guitarras e poses do "novo rock".
OUTUBRO OU NADA!. Artista: Bidê ou
Balde. Lançamento: Antidoto
(www.antidoto.com.br). R$ 15,90
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