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Romaria lota show "intelectual"
Sem violência, espetáculo de anteontem reuniu gerações e teve gramado lotado de fãs de todo o país
Espectadores reclamaram da
distância do gramado ao
palco, separado pelas áreas
VIP e Premium; entrada única
para a pista foi tumultuada
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Sábio, um dos chefes da segurança pontificava para seus subordinados: "Esse é um show
mais intelectual. Se fosse outro,
o pau já estava comendo".
Realmente, não era muito
confortável estar no meio de 25
mil pessoas num espaço onde
costumam ficar 22 -além do
árbitro. Mas, apesar da tumultuada entrada única para o gramado (uma falha evitável de
desorganização), não foi possível constatar cenas de maior
violência no Maracanã durante
o show do Police, anteontem. A
polícia -literal, do Rio- não
registrou ocorrências graves.
Um momento tenso foi
quando, no início do show, cerca de 50 pessoas ocuparam o
platô da TV Globo após ele ser
esvaziado de câmeras e repórteres. Queriam ficar um degrau
acima dos mortais, mas foram
persuadidos por copos e latas.
Por "intelectual", também
pode-se entender o evento como "família", "para todas as
idades" e outros clichês. Gente
da geração de Sting, como o casal Luiz Henrique, 48, e Maria
Amélia Teixeira, 43, pongava
(pulava à larga) ao lado da filha
Gabriela, 13. O capixaba Jasson
Moscon Junior, 36, chegou às
8h ao portão de acesso ao gramado para garantir um bom lugar para ele e o filho, o guitarrista Jasson Neto, 15.
Também de Vitória veio Mariana Duarte, que nasceu no
ano em que o Police tocou aqui
pela primeira vez, 1982. "Eu
gosto de rock anos 80, mas o
show superou todas as minhas
expectativas. A melhor foi
"Wrapped Around Your Finger'", escolheu, nada óbvia.
Por ser a única parada da turnê no Brasil, o Maracanã virou
estuário de romeiros roqueiros
de todo o país. O universitário
Carlos Maestre, 22, corpo cor-de-groselha de tanto suar, saiu
de Muriaé (MG) para se encostar no portão de entrada sete
horas antes de ele abrir.
O publicitário Jean Cláudio
dos Santos, 29, integrava um
grupo de 20 curitibanos que
prepararam camisetas especialmente para o show: "The
Police - RJ 08.12.07" na frente,
repertório atrás e listras horizontais, lembrando roupa de
presidiário de quadrinhos.
De Manaus havia dois grupos, um de camisa preta, outro
de branco. "É para a gente não
se perder", explicou Adriana
Marques, 34. Só lamentaram
vir de tão longe (de avião) e, por
causa das áreas VIP e Premium,
não ficarem tão próximos do
palco quanto sonhavam.
Pior fez o garçom uruguaio
Jesus Perez, 35, que encarou
um calvário de 2.448 quilômetros e 36 horas de ônibus para
ver seus ídolos.
Rock na calçada
E melhor fez o Figurótico,
pseudônimo de Edson Flávio,
32, líder da banda que leva seu
nome e tocou por duas horas
em frente à Maracagelo, distribuidora de bebidas que cedeu
sua calçada para a apresentação. O trio de Barra Mansa (sul
fluminense) vendeu 40 CDs a
R$ 10, foi filmado pela equipe
do making of do Police e ainda
viu o show. Enviaram um SOS
para o mundo e foram ouvidos.
Com JOÃO PEQUENO , colaboração para a
Folha , no Rio
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