São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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CRÍTICA AÇÃO

"Machete" mistura senso de humor e comentário político

Robert Rodriguez faz bom longa com Lindsay Lohan para atiçar homens


O DIRETOR SE SAI MUITO BEM AO OFERECER DUELOS DE ESPADAS, SANGUE JORRANDO, CARRÕES E MULHERES LIBIDINOSAS


FERNANDO MASINI
DOGUIA FOLHA

Ver "Machete" é como ler uma boa HQ, com heróis e vilões bem marcados, um fundo político despretensioso, mulheres curvilíneas e piadas disfarçadas nos diálogos.
É a fórmula-pastiche adotada por Robert Rodriguez e Ethan Maniquis nessa produção B para divertir quem tem senso de humor. O filme nasceu de um trailer criado pelo próprio Rodriguez para a dobradinha trash "Grind- house" (2007), codirigidacom Quentin Tarantino.
Não é preciso ser exigente para gostar de "Machete". À frente da trama está o policial mexicano (Danny Trejo), de rosto esburacado, cabelos compridos, corpo tatuado e bigode alongado. Não é um galã, mas posa como se fosse no seu colete de couro que esconde adagas.
Ao se mudar para o Texas, após a morte da mulher, é procurado para eliminar um senador caipira que apoia sua candidatura num libelo anti-imigrantes. Sua principal promessa é construir uma cerca elétrica na fronteira sul dos EUA.
Quem faz a caricatura do político é um cômico Robert De Niro, numa chacota a George W. Bush. Por trás da campanha, está um chefão do tráfico (Steven Seagal).
Rodriguez tece comentários políticos sem deixar de lado o entretenimento. Ele se sai muito bem ao oferecer duelos de espadas, cabeças decepadas, sangue jorrando na tela, carrões turbinados e mulheres libidinosas.
Até Lindsay Lohan surge como a filha rica e drogada de um corrupto. Rodriguez não hesita em colocá-la nua em metade das cenas, depois vestida de freira, atiçando o imaginário masculino.
No fogo cruzado entre americanos e latinos, oscila a figura da oficial de imigração Sartana (Jessica Alba), a única comprometida com alguma ética no filme, que se defende numa das sequências com um par de salto alto.
Tarantino ainda é melhor na combinação de ultraje a velhas fórmulas de Hollywood e uma estética pop -em especial nos diálogos. Rodriguez, que segue o mesmo caminho desde "El Mariachi" (1992), faz aqui um de seus melhores filmes. Sem dúvida, o mais divertido.

MACHETE

DIREÇÃO Robert Rodriguez e Ethan Maniquis
PRODUÇÃO EUA, 2010
COM Danny Trejo, Michelle Rodriguez, Robert De Niro
ONDE no Espaço Unibanco Augusta, Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO bom


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