São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ROCK IN RIO 3

Espaço do festival voltado para o hip hop e a eletrônica recebe três artistas paulistas, com convidados

"Line up" da Tenda Eletro é dominado por DJs cariocas



BRUNA MONTEIRO DE BARROS
DA REDAÇÃO

Foi inevitável. Quem bateu o olho no "line up" da Tenda Eletro do Rock in Rio 3, que começa amanhã, logo concluiu: há DJ demais do Rio e de menos do resto do Brasil e, principalmente, de São Paulo, indiscutivelmente o centro da eletrônica brasileira.
Nas sete noites da tenda (cerca de 25 atrações), estão programados quatro DJs da cena de São Paulo: Marky, Rica Amaral e Camilo Rocha, além de Felipe Venancio, que é do Rio, mas é parte integrante da noite paulistana. Já as atrações cariocas são 11.
A noite de hip hop -as outras são de trance (duas), tecno (duas), drum'n'bass (uma) e house (uma)- não traz nenhuma atração da terra da garoa.
Quando se trata de Rio-São Paulo, a idéia de bairrismo é inerente: "O evento está puxando a sardinha para o pessoal do Rio" é frase comum quando esse é o assunto entre pessoas do meio.
Jomar Junior, um dos responsáveis pela escolha das atrações da tenda, garante que não teve nada de bairrismo. "Trazer um DJ para o Rio conta passagem, hotel, transporte e alimentação para ele e um acompanhante", diz Junior, chamando atenção para o fato de a arena ser apenas uma pequena parte do evento, não tendo assim recebido muito dinheiro. "Sei que, culturalmente, o underground de São Paulo não dá nem para comparar com o do Rio."
A permissão para que cada um dos DJs leve um convidado para dividir o tempo de set coloca no "line up" mais dois nomes de fora do Rio: Marky vai receber Patife (SP), e Camilo convida Anderson Noise (BH). (Todos, assim como Rica, são da gravadora Trama, paulistana e a única que investe na eletrônica underground.)
Assim, o panorama melhora um pouco, mas o Rock in Rio fica "devendo uma" para as cenas de Curitiba e Goiânia, por exemplo.
Não que os artistas cariocas não tenham mérito. Há bons nomes representando a noite local, como Ricardinho NS e o produtor Memê. Mas, como o cenário eletrônico ainda está "engatinhando" por lá, poucos nomes chegaram a ecoar fora dos limites da baía de Guanabara. Quem sabe não é o momento das surpresas?
Quanto às atrações internacionais, outro comentário é que dois dos grandes nomes do "line up" (Fabio e Westbam) tocaram no Brasil em junho de 2000, no festival Skol Beats, e que o Rock in Rio poderia ter investido em inéditos.
Para Roberto Pedrosa, responsável pela contratação dos DJs internacionais, eles ainda são inéditos no Rio. "Acho que o número de pessoas do Skol Beats não invalida que eles toquem de novo, ainda mais em outro Estado."
Além dos dois, a tenda vai receber de fora do Brasil, entre outros, Jim Master & Lulu (casal residente do clube londrino Velvet Room, de Carl Cox), o DJ de hip hop Kool Herc e o som ambient de Ibiza de José Padilha. Vale registrar a perda de Tricky na noite de hip hop. Sua participação foi cancelada na última semana.

Leia mais sobre o Rock in Rio 3 no especial da Folha Online

Texto Anterior: Artes plásticas: Professora analisa impressionismo
Próximo Texto: O que ouvir
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.