São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011 |
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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo. CRÍTICA MÚSICA ERUDITA Maior violoncelista do Brasil tem história contada em livro Músico Antonio Meneses deu depoimento a jornalistas durante uma pausa para tratar tumor no pulso direito IRINEU FRANCO PERPETUO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um tumor no pulso levou o maior instrumentista brasileiro de cordas de todos os tempos a contar a sua história em livro. De leitura prazerosa e uma leveza que não se confunde com superficialidade, "Antonio Meneses - Arquitetura da Emoção" narra a trajetória do violoncelista pernambucano de 53 anos de idade, radicado na Suíça. Acompanhado de um CD que mescla obras solo e outras nas quais Meneses é acompanhado pelo piano de Luiz Fernando Benedini, o livro foi escrito pelos jornalistas João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros, que entrevistaram o violoncelista na pausa forçada nas atividades que ele fez no começo de 2010, para operar um tumor benigno no pulso direito. Não seria exagero dizer que as biografias musicais no Brasil, na música erudita, ainda estão engatinhando. No que tange a compositores é possível encontrar alguma coisa, com Villa-Lobos (1887-1959), Guarnieri (1907-1993) e Carlos Gomes (1836-1896) bem representados. Mas, entre os intérpretes, quase tudo ainda está por ser escrito. Faltam obras que deem conta da real envergadura de nomes como o do maestro Eleazar de Carvalho (1912-1936), da soprano Bidu Sayão (1902-1999) e do pianista Nelson Freire. O LIVRO Não seria exagero dizer que o livro de Sampaio e Medeiros não apenas preenche uma lacuna óbvia e clamorosa, como fornece um paradigma nacional de excelência para futuras iniciativas. Ele está dividido em duas partes. A primeira é um relato biográfico, da infância em Pernambuco e no Rio à consagração com a vitória no Concurso Tchaikovski, em Moscou, em 1982, passando por episódios emblemáticos, como a gravação com a Filarmônica de Berlim e Herbert von Karajan, e, mais recentemente, a experiência de integrar uma das mais prestigiosas formações de câmara do planeta, o Beaux Arts Trio, entremeando anedotas saborosas e depoimentos significativos de amigos e contemporâneos de Meneses. A segunda metade do livro é focada na parte musical. Sem enveredar-se por um cipoal técnico que tornaria a obra indevassável ao leitor "leigo", são abordadas questões atinentes ao violoncelo, seu repertório e às atividades de Meneses como professor. O tom geral da obra é afetuoso sem, contudo, descambar para o panegírico ou hagiografia -o Meneses que emerge de suas páginas é humano, sem dimensão mítica ou mistificações. E isso ajuda a gostar ainda mais do artista e do livro. ANTONIO MENESES - ARQUITETURA DA EMOÇÃO AUTORES João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros EDITORA Algol QUANTO R$ 70 (218 págs.) AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Crítica/Jornalismo: John Reed fez relato primoroso da vida cotidiana durante a Revolução Russa Próximo Texto: Crítica/Música erudita: "Mantra" concretiza conceito de fórmula de Stockhausen Índice | Comunicar Erros |
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