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Arco 2008 enfrenta boicote da Espanha
Instituições decidem não comprar obras da feira após reclamações de galeristas
Diretora há dois anos, Lourdes Fernandez reuniu 295 galerias do mundo; ausência brasileira também causou constrangimento
DA REPORTAGEM LOCAL
Há dois anos como diretora
da Arco, Lourdes Fernandez
pode enfrentar um boicote nesta edição da feira de arte espanhola, o que pode atrapalhar
sua missão em recuperar o
prestígio do evento.
Segundo a revista "El Cultural", do jornal "El Mundo", várias galerias espanholas não foram aceitas para a Arco e foram
reclamar no Ministério de Cultura. Como resultado, o diretor-geral de Belas Artes, José
Jiménez, anunciou que o governo, ou seja, o Museu Reina
Sofía, a Junta da Andaluzia e a
Comunidade Valenciana não
irão comprar na feira, o que representa uma perda de cerca de
4 milhões (R$ 10 milhões),
quase quatro vezes todo o investimento do Brasil nesta edição da Arco.
Nova fase
Segundo o galerista Ricardo
Trevisan, "mesmo que a Arco
seja uma espécie de bienal para
os espanhóis, com o sucesso recente de feiras como a Frieze,
em Londres, e da Basel Miami
Beach, notou-se a redução de
importantes colecionadores
particulares e a conseqüente
saída de várias galerias. Lourdes Fernandez representa uma
fase de renovação para a Arco, e
ela está copiando o que deu certo nessas outras feiras, como
seus eventos paralelos e estandes VIPs".
"Penso que consegui ampliar
a qualidade da feira e torná-la
ainda mais atraente para as galerias, como uma resposta aos
novos desafios do panorama de
feiras internacionais. Um bom
exemplo disso são os 543 pedidos de admissão recebidos para
a edição deste ano, o que representa um aumento de aproximadamente 20% em relação
aos recebidos no ano anterior",
diz Fernandez. Em 50 mil m2,
estarão espalhadas 295 galerias
de todo o mundo, sendo 222 estrangeiras e 73 espanholas.
Para a diretora, a escolha do
Brasil ocorreu pois "a América
Latina sempre foi um dos objetivos-chave de projeção da Arco". No ano passado, Fernandez esteve no país para realizar
contatos: "Embora eu já conhecesse a diversidade e a força
deste mercado, pude constatar
a ebulição que ele está vivendo,
sobretudo com os criadores
brasileiros. Encontrei uma arte
radical, surpreendente e mestiça, que vai além dos estereótipos folclóricos que se costumam ter na Europa em relação
à arte ibero-americana".
Quanto aos problemas com
seleção, não é só a Arco que enfrenta polêmicas. Para o pavilhão brasileiro, a cargo de Moacir dos Anjos e Paulo Sergio
Duarte, foram selecionadas 32
galerias, menos a que há mais
tempo participa da Arco, do
marchand Thomas Cohn, que,
no entanto, irá ter estande próprio na feira. No final do ano
passado, numa reunião entre
os curadores e galeristas, a ausência de Cohn causou constrangimento, segundo a Folha
apurou.
(FABIO CYPRIANO)
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