São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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MÚSICA

Rei promete CD "bastante atualizado"

Em seu 5º cruzeiro-show, Roberto Carlos diz que lançará esperado disco de inéditas "adicionando coisas em termos de som"

Cantor afirma que gosta de "tudo de que o povo gosta" e dá a entender que "fica" com mulheres: "Todo mundo tem direito ao que é bom"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O tórax firme aos 67 anos corrobora as palavras: "Eu gosto de marombar"; "tenho pânico total da velhice"; "com certeza" as plásticas estão nos planos, indo além da "puxadinha" feita no pescoço em 2008.
Mas outras declarações dadas na mesma entrevista coletiva, anteontem à tarde, e o show realizado horas depois no cruzeiro "Emoções em Alto-Mar" mostram que a obsessão de Roberto Carlos pela renovação segue distante de sua música.
Ou seria melhor dizer que, como todo grande artista, ele é uma caixa de ambivalências. "Continuo me tratando do TOC [transtorno obsessivo-compulsivo] para conseguir cantar "que tudo o mais vá para o...'", disse o Rei -sem mencionar a palavra "inferno", que encerra o verso e que ele deixou de cantar devido ao transtorno.
Roberto também declarou que está fazendo o esperado disco de inéditas, adiado ano após ano. "Pretendo fazer um disco bastante atualizado. Compatível com meu estilo, mas adicionando algumas coisas que estão acontecendo em termos de som." Parece revolucionário, mas momentos antes ele dissera que seu interesse por novidades musicais está ligado àquilo que toca nas rádios. "Gosto de tudo de que o povo gosta", resumiu o Rei, há três décadas preferindo acompanhar modas a lançá-las.

O disco proibido
Se confirmado, o CD será um dos pontos altos das comemorações dos 50 anos de carreira. Roberto escolheu como marco zero seu primeiro emprego, como crooner da boate Plaza, um dos berços da bossa nova no Rio. Ele cantava o repertório de João Gilberto, à maneira de João Gilberto, querendo ser João Gilberto. Tentou em 1961, no LP "Louco por Você", que não aconteceu e virou tabu, jamais ganhando autorização para ser relançado. Mesmo tendo, por assim dizer, feito as pazes com a bossa, ele titubeia ao falar do relançamento.
"Falta uma qualidade razoável. Naquele tempo, a qualidade de um disco não era o que a gente ouve hoje. Eu fico esperando que a gente possa fazer algo com um invento que surja na área de som. Se não, quem sabe a gente aceita o original mesmo...", disse.
Sabe-se que as comemorações terão um show no Maracanã e participações em programas da TV Globo -com quem renovou por mais três anos. Há a ideia de um musical sobre sua obra assinado por Charles Möeller e Claudio Botelho.
Mais só se saberá em outra coletiva, em março ou abril, quando o projeto de marketing será trombeteado. Ontem, já se falava que "nenhum artista do mundo" teve uma comemoração como a que Roberto terá. Talvez a renovação, escassa na música, seja farta no business.
O "Emoções em Alto-Mar", por exemplo, cresce a cada ano e terá, em 2010, dois cruzeiros de quatro dias. Da versão encerrada ontem participaram 3.070 pessoas, que pagaram de R$ 3.300 a R$ 9.800.
Além da entrega de rosas com Roberto em trajes de comandante de navio, 800 passageiros puderam ver a entrevista coletiva. Em situação tão felliniana, era previsível que muitas perguntas fossem sobre a vida pessoal de um rei que já tratou em público de dores e amores. Além de negar que estivesse namorando ou se mudando para São Paulo -onde vive a suposta namorada de 24 anos-, corou ao dar a entender que "fica" com mulheres ("Vivo de acordo com a época. Todo mundo tem direito ao que é bom").


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