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MÚSICA
Rei promete CD "bastante atualizado"
Em seu 5º cruzeiro-show, Roberto Carlos diz que lançará esperado disco de inéditas "adicionando coisas em termos de som"
Cantor afirma que gosta de "tudo de que o povo gosta" e dá a entender que "fica" com mulheres: "Todo mundo tem direito ao que é bom"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O tórax firme aos 67 anos
corrobora as palavras: "Eu gosto de marombar"; "tenho pânico total da velhice"; "com certeza" as plásticas estão nos planos, indo além da "puxadinha"
feita no pescoço em 2008.
Mas outras declarações dadas na mesma entrevista coletiva, anteontem à tarde, e o show
realizado horas depois no cruzeiro "Emoções em Alto-Mar"
mostram que a obsessão de Roberto Carlos pela renovação segue distante de sua música.
Ou seria melhor dizer que,
como todo grande artista, ele é
uma caixa de ambivalências.
"Continuo me tratando do
TOC [transtorno obsessivo-compulsivo] para conseguir
cantar "que tudo o mais vá para
o...'", disse o Rei -sem mencionar a palavra "inferno", que encerra o verso e que ele deixou
de cantar devido ao transtorno.
Roberto também declarou
que está fazendo o esperado
disco de inéditas, adiado ano
após ano. "Pretendo fazer um
disco bastante atualizado.
Compatível com meu estilo,
mas adicionando algumas coisas que estão acontecendo em
termos de som." Parece revolucionário, mas momentos antes
ele dissera que seu interesse
por novidades musicais está ligado àquilo que toca nas rádios.
"Gosto de tudo de que o povo
gosta", resumiu o Rei, há três
décadas preferindo acompanhar modas a lançá-las.
O disco proibido
Se confirmado, o CD será um
dos pontos altos das comemorações dos 50 anos de carreira.
Roberto escolheu como marco
zero seu primeiro emprego, como crooner da boate Plaza, um
dos berços da bossa nova no
Rio. Ele cantava o repertório de
João Gilberto, à maneira de
João Gilberto, querendo ser
João Gilberto. Tentou em 1961,
no LP "Louco por Você", que
não aconteceu e virou tabu, jamais ganhando autorização para ser relançado. Mesmo tendo,
por assim dizer, feito as pazes
com a bossa, ele titubeia ao falar do relançamento.
"Falta uma qualidade razoável. Naquele tempo, a qualidade de um disco não era o que a
gente ouve hoje. Eu fico esperando que a gente possa fazer
algo com um invento que surja
na área de som. Se não, quem
sabe a gente aceita o original
mesmo...", disse.
Sabe-se que as comemorações terão um show no Maracanã e participações em programas da TV Globo -com quem
renovou por mais três anos. Há
a ideia de um musical sobre sua
obra assinado por Charles
Möeller e Claudio Botelho.
Mais só se saberá em outra
coletiva, em março ou abril,
quando o projeto de marketing
será trombeteado. Ontem, já se
falava que "nenhum artista do
mundo" teve uma comemoração como a que Roberto terá.
Talvez a renovação, escassa na
música, seja farta no business.
O "Emoções em Alto-Mar",
por exemplo, cresce a cada ano
e terá, em 2010, dois cruzeiros
de quatro dias. Da versão encerrada ontem participaram
3.070 pessoas, que pagaram de
R$ 3.300 a R$ 9.800.
Além da entrega de rosas
com Roberto em trajes de comandante de navio, 800 passageiros puderam ver a entrevista
coletiva. Em situação tão felliniana, era previsível que muitas
perguntas fossem sobre a vida
pessoal de um rei que já tratou
em público de dores e amores.
Além de negar que estivesse namorando ou se mudando para
São Paulo -onde vive a suposta
namorada de 24 anos-, corou
ao dar a entender que "fica"
com mulheres ("Vivo de acordo
com a época. Todo mundo tem
direito ao que é bom").
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