São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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Irmãos Coen voltam a Berlim depois de 13 anos

DA ENVIADA A BERLIM

Ethan, o mais miudinho dos irmãos Coen, passou os cronometrados 16 minutos de entrevista a desenhar estrelas. Completadas as cinco pontas, fechava cada uma em um círculo.
Joel, com seus olhos meio revirados, que parecem estar sempre olhando para o céu, também rabiscou enquanto falava. Mas fez apenas um longo traço na folha.
Joel desenhou menos, mas falou mais. Couberam a ele quase todas as respostas feitas pelo grupo de seis jornalistas que, numa sala do hotel De Rome, em Berlim, tentavam entender o que os irmãos aprontaram desta vez.
"Nem acho que a gente tenha feito um "western'", diz Joel, disposto a desconcertar quem deseja bater um carimbo em "Bravura Indômita", que estreia hoje no Brasil.
"Fizemos uma aventura juvenil, contamos uma história com algo de fábula."
O filme, estrelado por Jeff Bridges e Matt Damon e com Hailee Steinfeld, brilhante no papel da menina decidida a vingar a morte do pai, abriu, ontem à noite, a 61ª edição do Festival de Berlim.
Joel e Ethan Coen não tinham voltado a Berlim desde "O Grande Lebowski" (1998).
"Que coisa... Ninguém perguntou o que nós achamos da cidade", provocou Ethan ao fim do encontro com os jornalistas.

ARRASA-QUARTEIRÃO
"Bravura Indômita" estreou no dia 22 de dezembro nos EUA e angariou, desde então, US$ 150 milhões (cerca de R$ 249 milhões). Conquistou, além disso, dez indicações ao Oscar --incluindo a de melhor filme.
"Não esperávamos um sucesso desse tamanho", diz Ethan, sem interromper os rabiscos estrelares. "Realmente não tenho explicação para isso. É uma pergunta a ser feita a um cientista social", emendou o irmão.
Os diretores fazem questão de dizer que, por mais que a imagem de John Wayne, protagonista da primeiro "Bravura Indômita", de 1969, seja forte para alguns espectadores e críticos, não foi ela que os conduziu.
"Nosso filme é sobre o romance de Charles Portis", insistiu Ethan. "O filme, para a gente, é só uma vaga lembrança. O que fizemos agora foi apenas a adaptação do livro. Não tem nada a ver com o primeiro filme."
Segundo os diretor, Jeff Bridges, que vive o velho pistoleiro fora de forma, tampouco foi assombrado pelo personagem de Wayne. "Ele não está nem aí para comparações", diz Joel, rindo.
É que, ainda segundo Joel, o ator também não está nem aí para aqueles que dizem que não conseguem entender quase nada do que seu personagem diz. "Há cenas que precisam de legenda até nos Estados Unidos", admite, num dos poucos momentos em que tira os olhos do papel à sua frente, Ethan.
(ANA PAULA SOUSA)


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