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ARQUITETURA
Cavaletes do Masp são adotados nos EUA
FRANCESCA ANGIOLILLO
da Redação
O que a atual gestão do Masp
abandonou, um museu de Chicago vai adotar em um mês. A partir
de 8 de abril, cavaletes de vidro
iguais aos do Museu de Arte de
São Paulo poderão ser vistos no
Crown Hall, principal espaço de
exposições do Illinois Institute of
Technology (Instituto de Tecnologia de Illinois, o IIT).
Os cavaletes farão sua entrada
contando aos americanos a história do próprio Masp. Uma mostra
de 200 desenhos originais da arquiteta Lina Bo Bardi para o projeto do museu paulistano ficará
por um mês no prédio projetado
por Mies van der Rohe (mestre
alemão da arquitetura do aço).
"O que o Brasil abandona está
sendo revisto no exterior", diz
Marcelo Ferraz, diretor do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que deu
autorização e cedeu o projeto para a reprodução dos cavaletes,
além de montar a mostra.
A querela
Os cavaletes, que hoje estão na
reserva técnica (espaço onde se
guarda o que não está exposto no
museu), foram tirados de circulação em 96, com a exposição "Arte
Italiana em Coleções Brasileiras".
"O que é legal do espaço da Lina
é que permite qualquer tipo de
exposição", diz o arquiteto Júlio
Neves, presidente do Masp desde
94. Mas depois diz: "Com aquele
sistema (dos cavaletes), não posso
dar aula, nem ter visita monitorada, porque eles ficam muito próximos." Os cavaletes, segundo
Neves, têm 1,30m entre eles.
"Tudo isso foi feito para ter um
museu didático, mas se amanhã
quisermos, tiramos tudo, é só pôr
um "jacaré" (máquina como um
macaco de automóvel) e mover os
painéis", prossegue, referindo-se
aos painéis (projetados por seu
escritório) que estão lá hoje.
"Ele (Neves) até está fazendo
coisas legais. Mas a questão dos
cavaletes é fundamental, é a cara
do museu", explica Ferraz.
Na ocasião da abertura da exposição em homenagem ao centenário de Pietro Maria Bardi, atualmente em cartaz, Neves disse à
imprensa que os cavaletes não
eram viáveis para o acervo atual.
Segundo ele, cada obra do acervo
original tem um cavalete específico, que precisaria ser adaptado
para revezar obras variadas.
"Bobagem", contesta Ferraz. "O
que varia é só a furação no vidro.
Disse a ele que, em meia hora, como arquitetos, resolvíamos isso.
Basta pôr um suporte atrás ou fazer várias furações."
A idéia dos cavaletes "não veio
do nada", continua Ferraz. Lina
tinha a visão modernista de museologia que trouxe da Itália.
"Mas ela foi além, porque fez
museu e pinacoteca, enquanto
que lá (na Itália) eles se limitaram
a adaptar edifícios antigos", diz,
referindo-se, por exemplo, ao castelo Sforzesco, em Milão.
Ferraz conta que pediu o tombamento do museu e do espaço
expositivo junto ao Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional. E conclui, em defesa:
"Você via uma grande "família" de
pintores, um Picasso ao lado de
um Goya, compartilhando o mesmo espaço. Lina dizia que só no
Brasil isso seria possível".
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