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Em 3ª ano, "House" se depara com fragilidade
Nova temporada da série sobre o médico estréia quinta no Universal Channel
Inspirado em Sherlock Holmes, "House" é um tributo a Joseph Bell, cirurgião que foi mentor do criador do investigador
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
"O Ministério da Saúde adverte: Este programa é contra-indicado para hipocondríacos",
deveria ser uma mensagem
obrigatória antes de cada episódio de "House". A série, cuja
terceira temporada começa
nesta quinta, no Universal
Channel, não poupa seus espectadores de novas, raríssimas e quase-indetectáveis síndromes. Um universo de riscos e de prazeres para fanáticos por
doenças. O vício é enorme mesmo para os avessos a patologias.
Criada por David Shore e
protagonizada pelo irresistível
Hugh Laurie, "House" está para a vida assim como "C.S.I." está para a morte. Em ambas, trata-se de decifrar mistérios, mapear um enigma e trazer, à luz
da ciência, a solução de um quebra-cabeças.
Mas, ao contrário dos investigadores da série policial, o
doutor Greg House tem uma
concepção mais ousada do que
seja a "verdade". Inspirado em
Sherlock Holmes, "House" é
um tributo a Joseph Bell, cirurgião escocês dotado de uma extraordinária capacidade diagnóstica e mentor de Conan Doyle, o criador de Sherlock.
House é o arquétipo de personagem antipático. Sarcástico, orgulhoso e toxicômano,
trata de modo quase cafajeste
seus pacientes e a sua equipe.
Ele é o avesso aos Kildare e Ben
Casey, médicos de bom coração
que deram origem, nos anos 60,
aos dramas clínicos em formato seriado, e passa longe dos humanos integrantes do serviço
de emergência de "E.R.".
Transferido para o ambiente
de um hospital em Princeton, o
personagem se confronta a cada semana não apenas com um
mal súbito e misterioso, mas
com a força prodigiosa da mentira. Esta espécie de último refúgio das intermitências do caráter e do organismo humano, refúgio para a imaginação e a
traição, é dela que House vai se
aproximar insidiosamente para deixar mais claro que verdade, se há, é apenas parcial e
aproximativa (como a ciência
médica bem sabe).
Pois, como já definiu o crítico
da Folha Inácio Araujo, "para o
dr. House, a verdade é necessária, mas nunca o suficiente".
O que se comprova mais uma
vez nesta volta do personagem,
depois de uma imaginária tentativa de assassinato no fim da
segunda temporada, House se
lança na árdua tarefa de salvar
dois pacientes. Claro que tudo
dá certo, mas claro também
que após a tarefa cumprida,
resta ao doutor se deparar com
sua frágil, demasiadamente
frágil humanidade.
HOUSE
Onde: Universal Channel (qui., às 23h)
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