São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Em 3ª ano, "House" se depara com fragilidade

Nova temporada da série sobre o médico estréia quinta no Universal Channel

Inspirado em Sherlock Holmes, "House" é um tributo a Joseph Bell, cirurgião que foi mentor do criador do investigador

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

"O Ministério da Saúde adverte: Este programa é contra-indicado para hipocondríacos", deveria ser uma mensagem obrigatória antes de cada episódio de "House". A série, cuja terceira temporada começa nesta quinta, no Universal Channel, não poupa seus espectadores de novas, raríssimas e quase-indetectáveis síndromes. Um universo de riscos e de prazeres para fanáticos por doenças. O vício é enorme mesmo para os avessos a patologias.
Criada por David Shore e protagonizada pelo irresistível Hugh Laurie, "House" está para a vida assim como "C.S.I." está para a morte. Em ambas, trata-se de decifrar mistérios, mapear um enigma e trazer, à luz da ciência, a solução de um quebra-cabeças.
Mas, ao contrário dos investigadores da série policial, o doutor Greg House tem uma concepção mais ousada do que seja a "verdade". Inspirado em Sherlock Holmes, "House" é um tributo a Joseph Bell, cirurgião escocês dotado de uma extraordinária capacidade diagnóstica e mentor de Conan Doyle, o criador de Sherlock.
House é o arquétipo de personagem antipático. Sarcástico, orgulhoso e toxicômano, trata de modo quase cafajeste seus pacientes e a sua equipe.
Ele é o avesso aos Kildare e Ben Casey, médicos de bom coração que deram origem, nos anos 60, aos dramas clínicos em formato seriado, e passa longe dos humanos integrantes do serviço de emergência de "E.R.".
Transferido para o ambiente de um hospital em Princeton, o personagem se confronta a cada semana não apenas com um mal súbito e misterioso, mas com a força prodigiosa da mentira. Esta espécie de último refúgio das intermitências do caráter e do organismo humano, refúgio para a imaginação e a traição, é dela que House vai se aproximar insidiosamente para deixar mais claro que verdade, se há, é apenas parcial e aproximativa (como a ciência médica bem sabe).
Pois, como já definiu o crítico da Folha Inácio Araujo, "para o dr. House, a verdade é necessária, mas nunca o suficiente".
O que se comprova mais uma vez nesta volta do personagem, depois de uma imaginária tentativa de assassinato no fim da segunda temporada, House se lança na árdua tarefa de salvar dois pacientes. Claro que tudo dá certo, mas claro também que após a tarefa cumprida, resta ao doutor se deparar com sua frágil, demasiadamente frágil humanidade.


HOUSE    
Onde:
Universal Channel (qui., às 23h)


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