São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Crítica

Lançamentos revêem os primórdios do rock

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem o cinema, o rock'n'roll não teria existido. Ao menos, teria um início bem diferente, e mais lento do que foi registrado nos anos 50. Quatro lançamentos em DVDs ajudam a lançar mais luzes sobre os primórdios do gênero. Um deles, em especial, "Ao Balanço das Horas" (1956), desempenha papel central nesses primeiros passos.
Tendo como título original "Rock Around the Clock", o sucesso de Bill Halley & His Comets, "Ao Balanço das Horas" foi o primeiro filme que capitalizou em cima da febre que o novo gênero causava entre os adolescentes. Basicamente uma série de apresentações de músicos entremeadas por uma trama tolinha, o longa conta sua versão da origem do rock.
De início, temos um promotor de shows que repara a decadência da era das big bands. Vai parar em uma cidadezinha de interior e descobre uma mina de ouro inexplorada: no sábado à noite, os jovens dançam freneticamente ao som do rock de Bill Halley em um baile local. Espertalhão, decide levar a novidade para Nova York.
Na realidade, o começo foi menos romântico. "Rock Around the Clock", a música, foi lançada sem sucesso em 1954. Mas, no ano seguinte, a canção foi usada nos créditos iniciais do drama juvenil "Sementes da Violência" ("Blackboard Jungle", de Richard Brooks). Resultado: a música estourou mundialmente. Produtores entenderam o recado.
"Ao Balanço..." foi um sucesso e estimulou tumultos mundo afora -incluindo Brasil (leia ao lado). Vista hoje, a polêmica toda foi uma grande bobagem.
No mesmo ano, surge "Ritmo Alucinante", uma espécie de continuação. Ainda de trama fraca, mas já levantando questões sobre a voracidade da indústria cultural, o longa abre espaço ainda para Little Richard. Cara-de-pau mesmo são "Na Onda do Twist" e "No Embalo do Twist". Nestes, o astro da vez é Chubby Checker. A idéia central dos dois musicais é: o rock já era, agora é a vez do twist. E isso cinco anos após "Ao Balanço...". Ou seja, a mesma lógica da descartabilidade que guia a música jovem hoje.


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