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Rumos mostra nova arte do país
Mapeamento de 45 artistas realizado pelo Itaú Cultural não encontra regionalismos e política explícita
Mostra, que tem abertura hoje para convidados, é fruto de trabalho coordenado pelo crítico Paulo Sergio Duarte
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mapeamento da nova arte
nacional, o projeto Rumos Artes Visuais tem aberta sua exposição hoje no Itaú Cultural
celebrando o cruzamento de
linguagens -pintura, fotografia, vídeo, gravura, escultura,
instalação, desenho e performance- como uma das principais características das 72
obras dos 45 nomes da mostra.
Mas esse não é o único traço
comum. O esvaziamento dos
regionalismos e a ausência de
trabalhos de teor explicitamente político são outros aspectos
que surpreenderam a equipe
curatorial.
"A arte militante de cunho
político-social acabou, ao menos nesse nosso mapeamento",
afirma Paulo Sergio Duarte, 62,
crítico de arte radicado no Rio e
coordenador do grupo. "Nem
entre os trabalhos descartados
havia esse viés", diz ele, que
contou com a ajuda de quatro
curadores de outros Estados
-Alexandre Sequeira (PA),
Christine Melo (SP), Marília
Panitz (DF) e Paulo Reis (PR).
Na entrada do último andar
da exposição, o diálogo entre
linguagens é destacado pelos
curadores. Em uma das paredes, quatro fotografias da paulista Sofia Borges, 24, são influenciadas pela luz e pela composição da pintura. E, na frente
delas, duas pinturas do paulista
Rafael Carneiro se apropriam
de imagens registradas por câmeras de um circuito interno
de segurança.
"As fotos da Sofia têm uma
luz barroca, guardam algo das
pinturas dos séculos 16 e 17, de
antigas naturezas-mortas", avalia Panitz, 50. "Já
as pinturas do Rafael se apropriam
dos frames do vídeo, são opacas."
Borges concorda com a avaliação de Panitz.
"Faço construções fotográficas.
Duplico figuras,
faço sobreposições, coloco elementos. De certa
forma, o meu método se apropria
muito mais do "arbitrário" da
pintura que do "instantâneo" da
fotografia", diz a artista, um dos
16 nomes de São Paulo, o Estado com mais representantes no
Rumos. Logo depois, vem o Rio,
com seis, e o Pará, com cinco.
E é do Pará que são
exibidos outros bons
trabalhos da mostra,
como o vídeo "Efêmera Paisagem", de Alberto Bitar, que, em
quatro minutos, reconstrói o caminho de
70 km que o artista
percorria com a sua
família de Belém a
Mosqueiro. "Poderia
ter sido feito em qualquer lugar, tem uma
velocidade próxima
do mundo urbano",
diz Sequeira, 47. "Por
isso acreditamos que
os regionalismos mais antigos
foram suplantados. O artista
usa um discurso que é forte em
qualquer ambiente."
Uma noção de precariedade
também parece aproximar as
obras do paulistano Nino Cais,
39, que faz esculturas com baldes e objetos domésticos, e do
gaúcho Ernani Chaves, que exibe tacos empilhados. "Busco o
equilíbrio, mas há uma tensão
permanente, pois as varas que
sustentam o trabalho são frágeis. Um esbarrão mais forte, e
desaba tudo", diz Cais.
RUMOS ARTES VISUAIS
Quando: abertura hoje (convidados), às
20h; de ter. a sex., das 10h às 21h, sáb. e
dom., das 10h às 19h; até 10/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149,
tel. 0/xx/11/2168-1776); livre
Quanto: entrada franca
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