São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Crítica/"Invaders Must Die"

Símbolo da união dance-rock, Prodigy recupera a dignidade

Após um álbum fraquíssimo, banda inglesa retorna com "Invaders Must Die"

DA REPORTAGEM LOCAL

Se a música eletrônica e o rock vivem hoje um estável casamento, um dos cupidos responsáveis por essa união é a banda Prodigy.
Em 1997, os ingleses tomaram as paradas do mundo com "The Fat of the Land", disco de faixas ao mesmo tempo violentas e dançantes, como "Breathe" e "Smack My Bitch up". Após condensar o zeitgeist pop em um álbum, o Prodigy sumiu. Reapareceu em 2004, com o fraco e datado "Always Outnumbered, Never Outgunned". O Prodigy estaria ultrapassado? É a questão que o grupo parece querer responder com "Invaders Must Die", que chega ao Brasil nesta semana.
Diferentemente de "Always Outnumbered...", em "Invaders Must Die" os três integrantes originais da banda estão presentes: o produtor (e cérebro) Liam Howlett, além dos vocalistas Keith Flint e Maxim Reality (estes dois retornam). Com a volta destes últimos, as músicas do Prodigy parecem ganhar foco -soam coesas, potentes, e não massas disformes como no disco anterior.

Distorções
Em "Omen", por exemplo, o Prodigy joga na nossa cara: bem antes de Justice e Digitalism, eles já faziam multidões pularem e berrarem movidos a sintetizadores distorcidos e a batidas gordas. Keith Flint foi criado em meio à cena rave britânica. E a acid house é reverenciada por ele em "Warriors Dance" e em "Stand up": a primeira, com um delicioso vocal feminino; a segunda, com um delirante tempero psicodélico.
Em "Take me to the Hospital", o Prodigy sampleia a si mesmo. A música possui trecho idêntico a "Out of Space", hit dos anos 1990 que já sampleava um clássico reggae, "I Chase the Devil", de Max Romeo. "Thunder" repete essa receita: sampleia linhas de uma obscura faixa reggae de Brentford All Stars.
Mas a banda ainda soa um pouco perdida, atirando para alvos suspeitos. "Run with the Wolves" poderia estar num disco do Marilyn Manson ou do nu metal Linkin Park (curiosamente, Dave Grohl, do Foo Fighters, toca bateria nesta faixa). "Piranha" é pesada, mas, insípida, passa despercebida.
Voltamos à questão: o Prodigy está ultrapassado? Talvez. Provavelmente eles nunca mais serão colocados na ponta da dance music, nunca mais criarão algo que seja referencial para o gênero. Mas, por mais que "Invaders Must Die" soe retrô, saudosista até, a banda diverte e conserva a dignidade restante. (THIAGO NEY)


INVADERS MUST DIE
Artista: Prodigy
Lançamento: Atração Fonográfica
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: regular



Texto Anterior: Cinema: Dakota Fanning estrela "Lua Nova"
Próximo Texto: Discos revigoram hip hop independente
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.