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Festival de Curitiba faz edição mais abrangente
Maratona começa na terça, com 27 peças na seleção oficial e 358 no Fringe
Mostra paralela continua recebendo qualquer inscrito, mas ganha espaços com curadoria e agora é dividida por gêneros
Divulgação
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Renata Sorrah e Daniel Dants em "Macbeth"
GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Vai ter grupo Galpão, Ópera
Seca e Sutil Companhia de Teatro representando os grupos
estáveis do país. Listaram também "Oui, Oui... A França É
Aqui" e a dupla Cláudio Botelho e Charles Moeller, da turma
dos musicais. E o cardápio traz
ainda Renata Sorrah com Daniel Dantas em "Macbeth",
além de Beth Goulart interpretando Clarice Lispector; então,
pode ticar aí o tópico "atores
célebres em grandes papéis".
A 19a Edição do Festival de
Teatro de Curitiba -que começa no dia 16 e vai até o dia 28-
parece ter se reaproximado de
seu próprio lema: ser uma espécie de "vitrine" do teatro
brasileiro -ou, ao menos, do
teatro produzido nas regiões
Sul e Sudeste do país. Como em
outros anos, ainda faltam na
programação da Mostra Oficial
do evento opções de espetáculos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Para compensar a edição
passada, em que nem mesmo
Rio ou São Paulo foram bem
representados, este ano o festival de Curitiba apresenta uma
seleção robusta, que abre o leque para linguagens variadas.
"Está bem diversificado. Sinto
que os organizadores se empenharam nesta edição para corrigir os erros do ano passado,
que reuniu produções comerciais e fez escolhas pouco ousadas", diz o dramaturgo Sérgio
Roveri.
Segundo o diretor geral do
festival, Leandro Knopfholz,
"as restrições" da programação
anterior foram reflexo da crise
econômica mundial. "Não pudemos trazer todos os espetáculos que realmente gostaríamos porque os produtores não
estavam conseguindo cumprir
seus calendários; muita montagem acabou sendo adiada por
conta da crise", explica.
O festival não paga produção
de espetáculos, apenas cachês
para montagens alheias. Seu
orçamento este ano fechou em
R$ 3,2 milhões -contra R$ 2,4
milhões do ano passado.
A Mostra Oficial está trazendo 26 espetáculos nacionais e
um internacional. "Dulcinea's
Lament", que vem do Canadá, é
uma espécie de exercício cênico multimídia, com a musa de
Don Quixote, personagem de
Miguel de Cervantes, no centro
de uma narrativa imagética.
Coloca a cereja no bolo de uma
outra aposta curatorial que
embalou esta edição: espetáculos com cenários impactantes.
Entre eles, a produção carioca "Um Navio no Espaço ou
Ana Cristina César" faz também incursão digital com vídeo. A cenografia de Fernando
Mello da Costa trabalha projeções sobre uma espécie de coleção de livros. Quem dirige o espetáculo, sobre obra da poetiza
Ana Cristina César, que se matou aos 31 anos, é Paulo José.
Farsas e bufões
Seis espetáculos fazem suas
estreias durante o evento, a
exemplo de "Música para Ninar
Dinossauros", de Mário Bortolotto, e "Travesties", da Companhia de Ópera Seca, que retorna ao festival depois da problemática participação no ano
2000. Naquele ano, Gerald
Thomas, diretor da companhia,
parou a apresentação do espetáculo "Tragédia Rave" para fazer um discurso contra a
(des)organização do evento.
A companhia, de qualquer
forma, vai ao evento encabeçada não por Thomas, mas por
um de seus parceiros de longa
data, o diretor e iluminador
Caetano Vilela. A linguagem do
grupo permanece na esfera dos
beckettianos, tecendo imagens
num terreno do absurdo, para
repaginar texto do britânico
Tom Stoppard.
Para o produtor Roberto
Malta, esta edição ainda traz
um outro recorte curatorial
que considera "surpreendente". "Fizeram escolhas populares, mas sem vulgaridades", diz.
"Notei a presença de farsas, que
fazem rir, mas também levam o
espectador a uma reflexão." O
produtor cita como exemplo a
"Farsa da Boa Preguiça", de
Ariano Suassuna. Também
chama atenção para os musicais e revistas, gêneros que ganharam força no Rio.
A curadora Tânia Brandão
distingue o teatro carioca como
"mais irreverente" e "menos
experimental" do que o paulista. Também avalia a mostra como representação de um cenário inflado por políticas culturais. "O teatro brasileiro está
mais profissional, ainda que
não tenha perdido as boas características do artesanato."
As produções menores, por
tradição, ficam no Fringe, que
este ano divide sua programação de 358 espetáculos por gêneros, em espaços diferentes. A
mostra paralela ganha ainda,
pela primeira vez, dois espaços
com seleção de curadores.
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