São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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Segunda chance

A sexta edição da SP Restaurant Week, que vai até domingo, reúne mais de 200 locais que servem menus completos a preços promocionais. A reportagem levantou as casas mal-avaliadas pela Folha nas últimas três edições do evento.
Entre as 19, nove permaneceram na maratona e foram reavaliadas. Outras sete deixaram de participar. Três fecharam suas portas. Das revisitadas, a maioria se recuperou das gafes cometidas; quatro ainda merecem ficar de castigo. (LUIZA FECAROTTA, MARÍLIA MIRAGAIA e NINA LOSCALZO)

VALE A VISITA

CANVAS
FOI BOM
Poltronas confortáveis e mesas espaçadas. É boa a oferta de pratos no menu especial do evento-parte dela muda diariamente, de acordo com a disponibilidade de ingredientes. Destaque para o sorvete de pimenta-jamaicana.
NÃO FOI BOM
Depois de uma espera de 50 minutos, causou surpresa notar que muitas mesas do salão estavam desocupadas. Segundo a assessoria de imprensa, as mesas vazias estavam reservadas para clientes e hóspedes do hotel. Apesar de extensa, as opções listadas na carta de vinhos são, na maioria, caras. O serviço solícito e educado, seguiu lento após os pedidos. Houve economia nos ingredientes principais do risoto de camarão e castanha-de-caju, que estava insosso. A casa diz que "o prato servido na SPRW é um pouco menor que no cardápio normal, pois a ideia é que as pessoas experimentem uma das opções do restaurante e voltem em dias normais".
Hotel Hilton São Paulo Morumbi (av. das Nações Unidas, 12.901, Chácara Itaim, tel. 0/xx/11/2845-0055)


ESTACIÓN SUR
FOI BOM
Atendimento eficiente e cordial, pratos servidos em porções fartas (e as carnes foram servidas no ponto correto, diferente do que aconteceu na avaliação de 2009), ambiente agradável. Boa oportunidade para conhecer a casa, que pratica preços muito mais altos -o bife de chorizo, por exemplo, custa R$ 49 no menu regular.
NÃO FOI BOM
Faltou cogumelo ao molho madeira que cobria os medalhões de filé-mignon e as batatas suflês que guarneciam o bife de chorizo, estavam murchinhas. O valor destinado ao Ação Criança foi cobrado sem aviso prévia e, inclusive, entrou no cálculo dos 10% de serviço. Procurada, a proprietária Mercedes Ezcurra disse que vai evitar as batatas na próxima edição, pois elas têm de ser servidas imediatamente, e isso é para dias de "movimento normal". Sobre a cobrança de R$ 1, diz que foi "uma maneira de simplificar a cobrança dessa pequena quantia" e que t"odos sabem que esse evento é também para esse fim".
al. Joaquim Eugênio de Lima, 1.396, Jardim Paulista, tel. 0/xx/11/3885-0133



FELIX BISTROT
FOI BOM
Atendimento impecável, ambiente aprazível embalado por gostoso som ambiente de jazz. Com visual atraente, os pratos foram servidos sem demora -e são capazes de demonstrar a proposta da casa.
NÃO FOI BOM
O risoto milanês, servido na companhia de graúdos camarões, estava fora do ponto -muito al dente. Também faltou cuidado ao serviço de vinho, a bebida chegou à mesa quente. Vinícius Rioli, gerente, diz que o risoto é "preparado de acordo com o ponto italiano" e que, ao mastigar, deve apresentar crocância. Em relação aos vinhos, afirma que "ficam na adega de acordo com a temperatura adequada" e que pode ser que no dia da visita, "a temperatura ambiente estivesse muito quente, dando a sensação de que o vinho também estivesse".
r. José Félix de Oliveira, 555, Granja Viana, Cotia, tel. 0/xx/11/4702-3555


GANESH
FOI BOM
Expostos em um encarte ilustrado com fotos, os seis pratos oferecidos durante o evento foram pincelados do cardápio regular da casa -ou seja, representam bem sua proposta.
NÃO FOI BOM
A casa cometeu o mesmo deslize que a Folha registrou em 2008 em reportagem de avaliação: a reserva foi feita com dois dias de antecedência e, no momento da visita, não foi encontrada. No menu do evento, tinha um folheto dizendo que a contribuição de R$ 1 por pessoa para o Ação Criança era obrigatório, diferentemente do que a organização do evento diovulga. Em relação ao serviço, embora tenha sido cordial e edificiente, escorregou no final -formou-se uma fila enorme para pagar a conta. Mukesh Chandra, proprietário, diz que a casa teve problemas com as máquinas sem fio das operadores de cartão. Sobre o valor referente ao Ação Criança, declara que, "talvez por um erro de interpretação e entendendo a grandeza a ação, tenhamos informado / considerado como obrigatória a contribuição".
Shopping Morumbi (av. Roque Petroni Jr., 1.089, piso lazer, Jardim das Acácias, tel. 0/xx/11/5181-4748)

SANTA GULA
FOI BOM
Ao contrário do ano passado, o atendimento foi cordial e eficiente. O cardápio especial foi fornecido junto com o regular e o garçom deu informações corretas sobre os pratos do evento. A entrada de croquete, pastel e crouTons de berinjela estava gostosa e as frituras sequinhas e crocantes. A torta de limão desconstruída tinha um creme bem azedinho, que fez contraponto interessante com o marshmellow da cobertura.
NÃO FOI BOM
O preço do suco de laranja, que custou R$ 7. Um dos pratos principais, o camarão na moranga, fora da moranga, não tinha gosto de abóbora e poderia ter mais camarões e menos arroz de coco, que estava um pouco massudo. O real destinado à Ação Criança foi cobrado diretamente na conta sem nenhum questionamento prévio.
r. Fidalga, 340, fundos, Vila Madalena, tel. 0/xx/11/3812-7815

NÃO VALE A VISITA

BANANEIRA
NÃO FOI BOM
Couvert imposto, música ao vivo desagradável e serviço lento e atrapalhado (como no ano passado) desanimam. Um garçom não soube sugerir a melhor cerveja para acompanhar o galeto (mas o menu indicava uma harmonização). A conta teve seu valor elevado com a cobrança de couvert artístico (não informada previamente). Maurício Ganzarolli, chef da casa, diz que a taxa é opcional e que essa informação será incluída na próxima impressão de cardápio. Em relação ao serviço, explica que o "movimento superou as nossas expectativas" e que estão "reforçando o treinamento".
FOI BOM
A entrada de camarão e a costela de tambaqui com palmito-pupunha e redução de tucupi estavam saborosas e chegaram à mesa no ponto correto de cozimento.
r. Mal. Hastinfilo de Moura, 417, Vila Suzana, tel. 0/xx/11/3502-4635

CAROLINE
NÃO FOI BOM
O menu deixou a desejar: a entrada, um duo de tartar de peixe em consistência gelatinosa, não estava atraente e o galeto confitado foi servido com um enjoativo molho de vinho. A sobremesa também não agradou -a maçã caramelada chegou à mesa com consistência de geleia e estava extremamente doce. A casa diz que o molho de vinho é mais adocicado e a maçã é caramelada no açúcar e por isso fica bem doce -a proprietária, Malu Facchini, acredita que essa é uma opinião "isolada e atípica" e que o retorno que a casa tem dos frequentadores foi "totalmente ao contrário".
FOI BOM
Com pães e torradas frescos e patês saborosos, o couvert agradou. A sequência dos pratos foi servida em bom ritmo.
r. Oscar Freire, 145, Cerqueira César, tel. 0/xx/11/3068-0601

CHAKRAS
NÃO FOI BOM
Do começo ao fim, o serviço decepcionou. Já à mesa, foram necessários mais de 20 minutos até o atendimento ter início, mesmo depois de solicitar a presença do garçom. Miguel Reis, proprietário, informa que já contratou mais funcionários. Tanto o risoto quanto a massa não emocionaram. A taxa de serviço incidiu sobre a quantia destinada à Ação Criança, que estava embutida na conta. "Realmente houve esse erro em algumas contas e isso está sendo corrigido", afirma Reis.
FOI BOM
A casa, que não realizou reservas durante a SPRW, estava cheia, mas a espera não repetiu o caos que a Folha registrou em 2008. Bem executado, o carpaccio de pupunha servido como entrada estava saboroso.
r. Dr. Melo Alves, 294, Cerqueira César, tel. 0/xx/11/3062-8813

QUATTRINO (MELIÁ)
NÃO FOI BOM
Sem explicar a promoção, o garçom ofereceu apenas o menu do evento, que trazia sugestões pouco atraentes. Entrada, prato e sobremesa chegaram à mesa em intervalos curtíssimos, acelerando o rítmo da refeição. O escalope ao molho de shiitake fora do ponto (quase cru) e teve de ser substituído. A contribuição destinada à Ação Criança foi listada na conta, sem questionamento. Fabio Lopes, gerente, diz que o cardápio e o banner do evento explicam o valor destinado à Ação Criança mas que vai passar a "perguntar ao cliente se concorda" com o débito.
FOI BOM
O amplo salão evitou tumulto, poucos lugares estavam ocupados no momento da visita. Ponto para as instalações confortáveis e para o preço das bebidas, menor que a média -o suco de maracujá custa R$ 3,50.
Tryp Iguatemi (r. Iguatemi, 150, Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/3704-5116)

OS QUE SAÍRAM
A Folha apurou osmotivos que levaram sete restaurantes mal-avaliados pelo jornal em edições anteriores a sair do evento

BACALHOEIRO
Segundo Anselmo Neves, proprietário, o restaurante teve um bom giro na edição anterior da Restaurant Week, mas não é o perfil de público que a casa espera. "Eram clientes novos e nunca mais voltaram, não se tornaram frequentadores." Além disso, também relata que houve muita reclamação pois serviram bacalhau desfiado e não postas. "Temos de nos adequar ao preço, alguma coisa perdemos por conta do valor."

DI BISTROT
Mariana Fonseca, que assumiu a casa há poucos meses -ao lado do chef e proprietário Cassio Machado-, diz que a "cozinha está passando por mudanças", que exigem mais atenção dos sócios.

DOLCE VILLA
A chef Lindinha Sayon diz que "os clientes acabam conhecendo a casa num momento conturbado." Segundo ela, não é possível traduzir sua proposta num evento como esse, com "menu e agitação fora do normal".


GALANI
Segundo Felipe Riena, gerente de alimentos e bebidas do Caesar Park Business, o restaurante está passando por reestruturações físicas e no cardápio e vai voltar a participar da Restaurant Week na próxima edição, em agosto deste ano.

LA RISOTTERIA ALESSANDRO SEGATO
Pela primeira vez, a casa de Alessandro Segato está fora do evento, desde o lançamento da maratona em São Paulo. "Foi uma escolha estratégica", diz Segato. "Vamos fechar para uma pequena reforma, para fazer uma cozinha no salão." E por que o La Risotteria estava inscrito? "Fizemos a inscrição rotineira, já que participamos desde o início, mas, depois, por uma questão de logística, desistimos."

ORIGINAL SHUNDI
Depois de perder o sushiman Shundi Kobayashi e enfrentar problemas na primeira edição de 2009 do evento, um dos sócios da casa, Luiz Tarandach, diz que a diretoria da casa passou por uma transição, mas que ele "tem a intenção de participar" em uma próxima oportunidade.

PORTO RUBAIYAT
O diretor do restaurante, Carlos Iglesias, disse à Folha que não participa desta edição da SPRW, pois o Porto Rubaiyat vai mudar de endereço em junho. "Relutei em não entrar, mas tive receio de gerar expectativa e, depois, frustração." Outro motivo, segundo ele, é que a nova casa pode ter um formato diferente, com salão menor e sistema à la carte, o que inibiria o retorno de clientes angariados durante a Restaurant Week.


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