São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011

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cinema

CRÍTICA DRAMA

Longa repisa fórmulas do cinema global

"Em um Mundo Melhor", vencedor do Oscar de filme estrangeiro, recorre a grandes temas para cativar público

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Se os blockbusters hollywoodianos têm suas fórmulas, o cinema dito "alternativo" não fica atrás. Hoje, o cinema globalizado parece ter criado uma nova categoria de filmes: os "caça-prêmios".
São geralmente filmes de apelo internacional que usam histórias simples como ponto de partida para discutir "grandes temas"; são bem produzidos e exibem o tipo de verniz publicitário que vem transformando o cinema mundial numa massa amorfa.
O dinamarquês "Em um Mundo Melhor" é um desses filmes que parecem ter sido feitos para ganhar prêmios. E deu certo: levou o Globo de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
O filme conta a história de dois meninos, Elias e Christian, que se conhecem numa escola dinamarquesa.
O pai de Elias, Anton, é médico e trabalha em um campo de refugiados na África, onde testemunha todo tipo de atrocidades. Em casa, as coisas também não vão bem: ele e a esposa estão no meio de um divórcio, e Elias é alvo de "bullying" violento na escola.
Christian também passa por um drama: a mãe acaba de morrer de câncer. O menino desconta o ódio em colegas da escola e no pai, um executivo frio e distante.
"Em um Mundo Melhor" tenta falar de racismo, preconceito social, intolerância e da dificuldade de comunicação. Mas não consegue nem sequer contar uma história simples. As situações são tão inverossímeis e os personagens, tão caricatos e maniqueístas, que não é possível acreditar neles.
A diretora Susanne Bier abusa de imagens pretensiosas, tramas previsíveis e analogias simplórias (a brutalidade que Anton vê na África versus a brutalidade que ele vive no "Primeiro Mundo").
E será que nenhum diretor consegue filmar na África sem mostrar a cena de meninos negros correndo atrás de um jipe enquanto o sol se põe no deserto?

EM UM MUNDO MELHOR

DIREÇÃO Susanne Bier
PRODUÇÃO Dinamarca/Suécia, 2010
COM Mikael Persbrandt, Trine Dyrholm e Ulrich Thomsen
ONDE nos cines Cine Livraria Cultura, Cinesesc e Espaço Unibanco Augusta
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ruim


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